Fernando Santos anunciou as suas escolhas para o Euro 2020 (ainda que disputado em 2021, a designação manteve-se) há cerca de duas semanas, mas só agora a equipa portuguesa irá entrar em campo: ainda “a feijões”, mas com uma outra candidata à vitória final – a Espanha – e por isso um bom teste para a formação nacional.
Olhando para os eleitos do atual selecionador, é clara a qualidade e profundidade do plantel. Fosse qual fosse o treinador, teria soluções para jogar das mais diversas formas e nas mais variadas estruturas táticas. Esse terá sido, de resto, um dos objetivos de Fernando Santos na hora de elaborar a lista de jogadores: proporcionar-lhe a possibilidade de responder a cenários distintos, com exigências distintas.
Nesse sentido, a extensão de 23 para 26 possíveis convocados terá deixado o treinador português feliz. Não passa de um exercício especulativo, mas não é fácil imaginar quais seriam os 3 nomes a cair da convocatória caso a UEFA não tivesse autorizado estes jogadores extra. Isso prova, desde logo, que o grupo é homogéneo no que toca ao nível global da maioria dos jogadores – o que é um bom indicador e traduz o equilíbrio existente.
Assim sendo, não é fácil montar um 11 tipo. Como já foi sublinhado, Fernando Santos terá procurado elaborar uma convocatória que lhe permita atacar em conformidade o jogo com a Hungria (o primeiro) e os seguintes com as poderosas Alemanha e França, que presumivelmente obrigarão Portugal a mais tempo sem bola. Olhando ao histórico do técnico lusitano, é de perspetivar que haja opções e equipas diferentes entre esse primeiro e os restantes jogos, com a vertente estratégica a ganhar peso: em causa está não só o nível e o perfil do adversário, mas os resultados da primeira jornada também.
4-4-2 ou 4-3-3, o que pode dar cada sistema?
O técnico nacional, com a convocatória que elaborou, pode montar a sua estrutura em 4-3-3 ou 4-4-2. Os papéis de Cristiano Ronaldo e de Bernardo Silva, dois dos mais importantes jogadores da equipa de Portugal, serão cruciais: primeiro, perceber se CR7 jogará como avançado centro ou partirá do corredor esquerdo. Pessoalmente, parece-me que o capitão português já não detém a explosão que tanto o ajudou noutros tempos a sair da ala esquerda em diagonal para o corredor central e isso faz com que seja mais sensato atuar logo no meio, no entanto também João Félix parece mais confortável atuando por dentro, no espaço entrelinhas e a aparecer na área.
Essa união entre os dois poderia resultar num 4-4-2, com Bernardo Silva na meia direita e Bruno Fernandes na meia esquerda, deixando as linhas laterais à responsabilidade dos laterais, que à partida deverão ser Cancelo à direita e Raphael Guerreiro à esquerda. Este parece ser o desenho tático que possibilita juntar mais talento em campo.
Por outro lado, Portugal tem montando muitas vezes a sua estrutura em 4-3-3 e assim Diogo Jota, sobretudo este, mas também Gonçalo Guedes e Rafa ganham preponderância, sendo ‘extremos puros’ ou, pelo menos, jogadores mais confortáveis nos flancos. Foi desta forma, mas sem Cristiano Ronaldo, que Portugal fez uma das suas melhores exibições recentes – contra a Croácia, na vitória por 4-1, ainda na primeira jornada da Liga das Nações. A saída do capitão do 11 não é, contudo, uma possibilidade que pareça realmente equacionada.
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