O percurso de um jogador de futebol profissional tem muitas etapas e desafios no panorama atual da profissionalização, onde o talento, muitas vezes, não chega para a afirmação dos jovens atletas. O antigo internacional português e atual vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Humberto Coelho, recorda ao SAPO Desporto a importância das seleções nacionais para o desenvolvimento e formação das estrelas de amanhã.
A seleção nacional sub-19 começou ontem a trabalhar no Estádio do Jamor para a fase final do Campeonato da Europa da Lituânia. Emílio Peixe, selecionador nacional, convocou 18 jogadores para a fase final do torneio e as expectativas são sempre altas, assim como as exigências.
«Penso que as expectativas são boas. Para já, o apuramento para a fase final deste europeu foi importante e em que estes jovens estiveram muito bem. Agora, na fase final, a intensidade vai ser superior e o nosso grupo é muito forte, com Espanha, Holanda e a equipa da casa a Lituânia. Vamos entrar logo com a Espanha que é uma das equipas mais difíceis. Devido à grande intensidade, há que se preparar para isso e nós sabemos que a preparação deu-se no torneio de Elite, mas agora é outra etapa e vai ser mais forte mais difícil, mas eu estou convencido de que estes jovens se vão preparar para que haja um outro andamento para que possamos fazer um bom resultado», começou por dizer Humberto Coelho sobre o arranque da preparação para o Euro2013.
Questionado sobre a importância das competições para o desenvolvimento dos jogadores portugueses, Humberto Coelho assume que os torneios são muito importantes para a confiança de jovens atletas que ainda procuram ganhar espaço nos respectivos clubes.
Penso que a importância é grande no sentido que eles estão no início das suas carreiras. Eles vão começar aqui. Primeiro é importante conseguirem resultados a nível de seleção, a nível de grupo, a nível do futebol português. Segundo, é importante conseguirem resultados a nível individual no sentido da estima e da confiança. É nestas alturas que se tem de trabalhar para que depois, no período de transição, eles se possam adaptar e ganhar lugar nos clubes onde jogam. Que isso é que é fundamental. É isso que é preciso que eles pensem, que os resultados que eles conseguem na Seleção que os passem para os seus clubes para poderem jogar onde há uma enorme competitividade.
Do lote de convocados de Emílio Peixe há jogadores de emblemas como Benfica, FC Porto, Sporting, Barcelona ou Manchester City, uma prova de que em Portugal continuam a surgir jogadores de enorme talento. No entanto, Humberto Coelho, antigo jogador do Benfica e da Seleção Nacional, lembra que nem sempre basta a um jogador ter talento e jogar num grande clube, e que é preciso trabalhar para corresponder às expectativas e ganhar um espaço nas seleções nacionais.
«Penso que é um bom presságio, mas penso que pode ser também mau, na medida em que não é só esses clubes. Eles estão no início da carreira. Lembro-me que vi jogadores muito melhores do que eu mas que ficaram pelo caminho. Portanto, é bom estar num clube grande como esses, onde há de facto outras possibilidades, de treino, de equipa técnica, de trabalho, mas também há exigências maiores e portanto há que se adaptar e corresponder às expectativas quando se está no início da sua carreira. Há que aproveitar essas sinergias para depois então melhorar o rendimento e chegarem a ter um espaço no futebol que é importante», afirmou Humberto Coelho ao SAPO Desporto.
«Penso que é necessário uma estrutura global. Temos de trabalhar em conjunto com as associações. Temos de trabalhar em conjunto com os clubes. Temos de facto de articular melhor as informações. Temos de ter mais informações e estamos a fazer isso, estamos a criar uma base de dados que nos permita que haja uma melhor informação em todos os sentidos para melhorarmos a qualidade do jogador», sentenciou o vice-presidente da FPF.
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