O fantástico golo - e sobretudo o fenomenal salto - de Cristiano Ronaldo frente à Sampdoria, na passada quarta-feira, continuam a dar que falar, enchendo as primeiras páginas dos jornais e as redes sociais.
Ninguém ficou indiferente à impressionante capacidade de impulsão e à altura que o internacional português atingiu no golo que valeu à Juventus o triunfo e a ascensão ao topo da Serie A italiana, ainda que à condição.
Para apontar esse golo, o português subiu a 2,56 metros de altura, ficou no ar por 1,5 segundos e superou em 71 centímetros o salto do adversário que o marcava.
O diário espanhol 'ABC' apresenta esta sexta-feira uma conversa com o médico José González onde este procura explicar o que é necessário e que exercícios é preciso realizar para atingir tal impulsão.
"O salto é algo que se pode treinar e Ronaldo treina-o com exercícios de força, flexibilidade e pliométricos. São trabalhos explosivos, num curto espaço de tempo, que visam aumentar a potência e a velocidade, bem como a coordenação aerodinâmica", explica o médico, que se dedica ao tratamento de futebolistas profissionais.
José González reconhece que também o fator genético é fundamental, mas reforça a importância de exercitar determinados músculos.
"Para cabecear a esta altura tem também que haver uma genética. Mas para conseguir esta altura as pessoas têm de exercitar o glúteo maior, o músculo semimembranáceo, o músculo semitendíneo, o bíceps femoral (os três localizados na parte traseira do músculo), o quadríceps (da parte da frente) e, naturalmente, o tríceps (parte traseira dos braços), embora outros músculos também intervenham, como os do dorso, o peitoral e o músculo deltoide", explicou.
Veja ou reveja o golo de Ronaldo
Também o jornal 'A Bola' apresenta na sua edição desta sexta-feira uma explicação para tal fenómeno, dada por António Veloso, professor de Biomecânia da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa.
Segundo explica o especialista, citado pelo jornal, já em 2006, durante alguns testes realizados a jogadores da seleção nacional, Ronaldo conseguia, sem balanço e sem usar os braços, uma impulsão a rondar os 70 centímetros.
Com balanço, como o fez contra a Sampdoria, essa impulsão é naturalmente ainda maior. "Aquela chamada permitiu-lhe, além da elevação, fazer percurso horizontal de quatro ou cinco metros", explica António Veloso, citado pelo jornal.
Na entrevista concedida àquela publicação, o professor de Biomecânica, contudo, mostra-se sobretudo impressionado com a "capacidade de antecipação e leitura de jogo" de Ronaldo. "É um salto impressionante, mas outros poderão fazê-lo. O que revela, contudo, é uma extraordinária capacidade de antecipação e leitura de jogo, ajustando-se na trajectória aérea para dar à bola a direcção que pretende ao cabecear", salienta.
A terminar, o especialista relembra que o cabeceamento nem é feito no ponto mais elevado do salto o que, aliado ao facto de o relvado ser um piso que absorve energia, torna o golo ainda mais impressionante.
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