Um dérbi pintado de branco: esse poderá ser o cenário perfeito para o confronto apaixonante entre Inter e AC Milan. A previsão é da 'Gazzetta dello Sport' sobre a noite de domingo na cidade de Milão, e no 'velho San Siro', que em breve poderá dar lugar a outra casa que acolha os dois emblemas.

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Giorgio Ricci, dirigente do Inter, admitiu, na última Web Summit, que a ambição passa por construir um novo recinto mais adequado às necessidades atuais do futebol. "Uma cidade como Milão, referência financeira, deve ter um estádio mais bem preparado para eventos de entretenimento ou moda, mas também para os negócios e para as empresas", destacou.

O Giuseppe Meazza para alguns (o estádio foi batizado com o nome de histórico jogador italiano em 1980), San Siro para outros, já foi palco de muitos confrontos históricos. Espera-se, por isso, um duelo 'eletrizante', isto a pouco mais de um mês do Natal.

A história do primeiro dérbi de Milão, que celebra este ano o seu 117.º aniversário

A 17 de outubro de 1908, trinta jovens, nerazzurri e rossoneri, vestidos com roupas extravagantes, reuniram-se na estação de Porta Nuova, de manhã cedo, com sapatos mais adequados para um dia na montanha. Partiram assim, de comboio, em direção a Chiasso, na Suíça.

O pequeno-almoço foi no mínimo curioso, como recorda a "Gazzetta dello Sport", num tempo em que ainda não existiam nutricionistas, nem uma dieta adequada para futebolistas: os jogadores comeram pão, salame italiano e beberam vinho, num pequeno almoço que era 'habitual' antes dos jogos.

O grupo de rapazes que viajou de comboio eram os jogadores do AC Milan e os do Inter, clube que tinha sido fundado apenas sete meses antes. O local do evento era a Taça de Chiasso, torneio onde também estavam inscritos o Chiasso, o Ausonio, o Lugano e o Bellinzona. No primeiro embate, o AC Milan impõe-se, por 2-1 e leva o troféu para casa, por ter conquistado também as duas edições anteriores. Recebe um valor monetário de 400 francos suíços, uma fortuna para a altura. Findo o jogo, os jogadores "correm apressados para a estação, isto porque segunda-feira era dia de trabalho". Sim, ainda estávamos longe do profissionalismo.

Curiosidade: a origem do nome do dérbi centenário, conhecido como 'dérbi da Madonnina' é uma referência à estátua da virgem Maria, que se situa no topo da catedral de Milão, e que é frequentemente referida como sendo a Madonnina.

Duas formas de ver o mundo: da elite ao povo

No campo, se as camisolas são diferentes, de berço os dois clubes também representam realidades distintas. O Inter ligado à alta burguesia, com o AC Milan a representar a classe operária - os casciavit - que no dialeto local significa "chave de fendas".

Os nerazzurri, durante o regime fascista, viviam sob a sombra de Mussolini, que comandava o país com punho de ferro. Muitos anos mais tarde, o cenário mudou, quando Silvio Berlusconi - político da área conservadora e que esteve à frente dos destinos do país - chegou à presidência do clube.

Histórico de confrontos e o momento das duas equipas

O AC Milan começou por dominar o histórico, até que o Inter, a partir dos anos 30, começou a equilibrar os registos, na mesma altura em que passou a ser conhecido como 'Ambrosiana'.

Mais tarde, nos anos 50 e 60, o Inter tornou-se hegemónico, deixando o rival 'a seco' durante longos períodos. Globalmente, e em todas competições, os nerazzurri vencem o 'braço de ferro', com 85 vitórias, contra 74 triunfos dos rivais. Em 69 ocasiões nenhuma das equipas se conseguiu impor.

Javier Zanetti, antigo capitão da equipa de azul e preto, detém o recorde de presenças em dérbis, com 45 aparições, em todas as competições. Nas atuais equipas, Nicòlo Barrella e Stefan de Vrij lideram os números, com Lautaro Martínez a somar também 20 aparições e nove golos apontados, sendo o terceiro goleador da história, números só superados pelo histórico Giuseppe Meazza com 12 golos, e ainda Istvan Nyers (jogador húngaro), com 11.

Desde 23/24, (triunfo por 2-1 na jornada 33) que o Inter não sabe o que é vencer o dérbi. Daí para cá, contam-se três vitórias da equipa do português Rafael Leão - a última das quais por 3-0 nas meias-finais da Copa de Itália, ainda com João Félix e Sérgio Conceição nos rossoneri - e dois empates.

O Inter é nesta altura o líder da Série A, com 24 pontos, em igualdade com a Roma, isto quando estão jogadas 11 jornadas na competição. O AC Milan é terceiro, a dois pontos do primeiro lugar. A derrota com o Nápoles - no estádio Diego Armando Maradona por 3-1 - não deixou marcas e o emblema orientado por Cristian Chivu somou desde aí quatro triunfos consecutivos, o último dos quais frente à Lazio.

O AC Milan chega ao dérbi, após ter marcado passo com um empate em Parma. Ainda assim, ressalve-se a regularidade dos milaneses, que ainda não averbaram qualquer derrota em 11 partidas realizadas em todas as competições.

Os nerazzurri contam com 'três manchas' no registo: para além do mau resultado em Nápoles, junta-se ainda o desaire em Turim frente à Juve e a derrota em casa com a Udinese.

O Inter-AC Milan disputa-se, este domingo, a partir das 19h45 no Giuseppe Meazza.