Rui Vitória tem dito em múltiplas ocasiões que não acredita num 'onze' titular pré-definido e, pelo que se vai vendo, não tem razões para alterar a forma de pensar. Mesmo com muitas alterações no onze e recorrendo a jogadores que não são habitualmente titulares, o Benfica venceu sem grandes problemas o Vitória de Guimarães e garantiu a presença na 'final four' da Taça da Liga.
O jogo:
Concedendo descanso a muitos dos elementos que haviam defrontado este mesmo Vitória, no mesmo palco, no sábado passado, então para o campeonato, o treinador do Benfica apostou desta vez num ataque com Rafa e Gonçalo Guedes em posições mais centrais, apoiados por Carrillo e Zivkovic a partir das alas. Na verdade, o que se viu foram movimentos ofensivos dinâmicos, fluidos e difíceis de travar pela sua imprevisibilidade.
De passe em passe, de tabela em tabela, o Benfica aproximava-se da baliza do jovem Miguel Silva desde cedo, tirando um ou outro susto - e foram realmente poucos - no primeiro tempo. O primeiro tento podia ter chegado através do pé direito de Pizzi, mas o médio permitiu a defesa do guardião vitoriano na sequência de uma grande penalidade.
Não foi da forma "mais simples" que chegaram os golos, mas sim simplificando o que podia ter sido complicado. Perante um adversário sempre difícil de derrotar no seu Castelo, a equipa 'encarnada' chegou aos dois golos da partida de formas inteiramente semelhantes, com o "selo" do mesmo jovem goleador: Gonçalo Guedes.
Vamos ao primeiro. Depois de uma boa combinação do ataque, Nélson Semedo ficou com a bola na direita e cruzou rasteiro para a finalização certeira de Guedes. O segundo? Muito parecido, embora com outro "assistente": André Carrillo, o tal que ainda não convenceu os adeptos do Benfica (mas em Guimarães ficou ligeiramente mais perto de o conseguir).
O segundo tempo não trouxe um Benfica tão orientado para o ataque, mas sim um Benfica controlador, adotando a estratégia - como o próprio Rui Vitória admitiria após o jogo - de conceder algum espaço inicial ao Vitória de Guimarães e concedendo a "ilusão" de que seria possível virar o resultado, embora nunca abdicando de um trabalho defensivo sólido, e assim desgastando a equipa minhota.
Os dois golos de Guedes acabaram por ser suficientes para garantir o 'bilhete' para o Algarve. Rafa Silva bem se esforçou por construir um resultado mais dilatado, mas Miguel Silva estava determinado a travar as tentativas do ex-Sp. Braga e impediu vários remates perigosos do avançado, negando ainda o golo ao sérvio Zivkovic, também ele um elemento em claro destaque nas manobras ofensivas benfiquistas.
Infelizmente, a partida acabou por ficar ainda marcada por fatores negativos nos momentos finais da primeira parte. Nélson Semedo respondeu às provocações do público vitoriano com a sua própria provocação e a partir daí os ânimos aqueceram sobremaneira. Voaram cadeiras para o relvado e, depois do apito para intervalo, Flávio Meireles foi pedir explicações ao lateral 'encarnado'. Tudo acabou por acalmar, mas registaram-se ainda alguns momentos de tensão que mancham negativamente um bom jogo de futebol.
O momento do jogo:
O segundo golo de Gonçalo Guedes: Com 40 minutos jogados, o número '20' benfiquista replicou a eficácia do primeiro golo e bateu novamente Miguel Silva, sentenciando a partida. O Benfica precisava apenas de um ponto para seguir em frente na Taça da Liga, pelo que o 0-2 pouco antes do intervalo deixou desde logo os 'encarnados' muito próximos de garantirem a viagem ao Algarve.
Os melhores:
Gonçalo Guedes: Sem Jonas ou Mitroglou, as despesas do ataque couberam a Rafa e Gonçalo Guedes, sendo que o segundo acabou por ser o elemento mais apontado à baliza vitoriana. Demonstrou frieza e sentido de oportunidade invulgares num jovem de 20 anos nos dois golos apontados e decidiu a partida a favor da sua equipa.
Miguel Silva: Fez o que podia para evitar a derrota do V. Guimarães, travando uma resma de oportunidades de ouro para o Benfica. A grande defesa no penálti de Pizzi foi o momento mais marcante da partida do jovem guarda-redes, mas viram-se ainda excelentes intervenções a remates de Rafa e Zivkovic. Na atual temporada tem estado "na sombra" de Douglas, mas o guardião de apenas 21 anos já demonstrou todo o seu talento em diversas ocasiões. A noite de terça-feira foi mais uma.
O pior:
Incidentes no fim do primeiro tempo: Depois do segundo golo do Benfica, vários adeptos da equipa da casa dirigiram provocações a Nélson Semedo e o lateral não reagiu da melhor forma. Voaram cadeiras desde as bancadas até ao relvado, Semedo viu cartão amarelo e, depois do apito para intervalo, os ânimos ainda continuaram acesos por algum tempo. Tudo inteiramente dispensável.
As reações:
Rui Vitória: "Ganhámos de forma inequívoca"
André Almeida e Guedes em sintonia: Benfica quer vencer todas as provas
Pedro Martins e João Pedro lamentam falhas na concretização
Curiosidades:
- O Benfica não sofre golos fora de casa há quatro jogos.
- Os 'encarnados' somaram três vitórias em três jogos na fase de grupos da Taça da Liga pela quarta época consecutiva.
- Gonçalo Guedes tornou-se no português mais jovem a marcar dois golos num jogo da Taça da Liga.
- O Vitória de Guimarães não marca um golo ao Benfica há oito jogos.
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