O jogo desta terça-feira entre SC Braga e Sporting será certamente utilizado por treinadores no futuro como forma de demonstrar a jovens jogadores a importância da eficácia no futebol.

É certo que todos os amantes do 'desporto-rei' preferem vibrar com grandes jogadas, lances geniais e emoções fortes, é isso que nos mantém fieis e sentados no sofá ou no estádio para presenciar mais um grande espetáculo. Contudo, no final, o que conta são mesmo os golos e a frieza dos números, facto que foi cruelmente relembrado ao Sporting nesta partida.

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O jogo: Ganha quem marca

Para este jogo, e perante uma série vitoriosa dos leões, Rúben Amorim não fez grandes alterações no onze inicial. Apenas Franco Israel, tal como o técnico havia anunciado na véspera, e Marcus Edwards constituíram as novidades; já do lado bracarense, Artur Jorge decidiu deixar Abel Ruiz no banco, apostando num ataque móvel com Ricardo Horta e Álvaro Djaló, apoiados por Zalazar, que também tinha a missão de ajudar na luta do meio-campo.

E os primeiros minutos até indicavam que seria um jogo dividido, com o SC Braga a chegar primeiro à baliza adversária, contudo, foi sol de pouca dura. Com efeito, a partir daí apenas o Sporting criou lances de verdadeiro perigo, muito graças a uma pressão intensa no meio-campo adversário, impedindo assim as transições ofensivas dos minhotos.

A primeira parte resume-se às muitas e boas oportunidades desperdiçadas pelos leões; uma mão-cheia de ocasiões, onde se destacam três remates aos ferros da baliza de Matheus, o mais flagrante dos quais uma autêntica bomba de Nuno Santos à passagem do minuto 37 que deixou a baliza a tremer provavelmente até agora. A primeira parte terminava com os postes a constituírem o grande adversário dos verdes e brancos

Na segunda parte, e perante o domínio avassalador do Sporting, seriam de esperar alguns ajustes, ou até substituições por parte de Artur Jorge, contudo tal não aconteceu, e os segundos 45 minutos começaram exatamente da mesma maneira dos primeiros.

Durante os primeiros vinte minutos da segunda parte, a equipa de Alvalade voltou a ter mais um punhado de belas ocasiões para marcar, todas elas desperdiçadas pelos seus avançados, sempre por escassos centímetros, diga-se. Com 17 golos marcados nos últimos quatro jogos, seria expectável ver o golo dos leões acontecer mais cedo ou mais tarde, mas há medida que os lances de perigo se acumulavam, começava a nascer aquele incómodo sentimento nos adeptos de Alvalade de "podemos estar aqui a noite toda, que a bola não vai entrar".

Foi depois de sentir o décimo calafrio junto da sua baliza que Artur Jorge resolveu finalmente mexer na equipa, fazendo entrar Abel Ruiz para a frente de ataque. E o espanhol não demorou quase nada a mostrar aos adversários como finalizar; 65 minutos e Ruiz a surgir no meio da defesa leonina após cruzamento da direita e a cabecear para o único golo do jogo.

De provável goleada, o Sporting passava para uma posição de desvantagem e um balde de água gelada. Amorim não perdeu tempo e lançou imediatamente Paulinho e Matheus Reis para os lugares de Esgaio e Coates. Mas o mal estava feito, e a verdade é que não mais os leões conseguiram criar ocasiões de golo tão flagrantes como as falhadas ao longo de uma hora de jogo.

Por seu lado, o SC Braga galvanizou-se com o golo e até esteve perto de aumentar a vantagem, primeiro após um erro de Israel, corrigido por Matheus Reis perto da linha de golo, e depois num remate de fora da área e consequente recarga, ambos bem travados pelo guardião uruguaio.

Até final, o Sporting carregou e empurrou o SC Braga para junto da sua baliza, todavia, tal não se traduziu em oportunidades para o empate, algo que os leões procuraram, mas sem grande discernimento. Foi a primeira vez esta época que os comandados de Rúben Amorim ficaram em branco num jogo, facto cuja responsabilidade é única e exclusivamente sua. Já o SC Braga soube sofrer e foi feliz lá atrás, contando com aquilo que decide praticamente todos os jogos de futebol: eficácia.

Momento do jogo: Ruiz teve cabeça

Durante mais de uma hora o Sporting carregou em busca do golo, desperdiçando várias e boas oportunidades. Saído do banco poucos minutos antes, Abel Ruiz fez jus à eterna máxima do futebol: quem não marca sofre e, com um belo cabeceamento, fez o único golo do jogo, enviando o SC Braga para a final da Taça da Liga.

O melhor: Moutinho 'vintage'

Em mais um reencontro com o clube que o viu nascer para o futebol, João Moutinho foi o principal esteio do Sporting de Braga ao longo de todo o jogo. O '28' dos bracarenses travou uma dura batalha no meio-campo, especialmente na segunda parte, mostrando-se também fundamental na segunda parte em travar a reação do Sporting ao golo sofrido. Abel Ruiz poderá ter sido o herói, mas Moutinho foi o mais constante num Braga diferente do habitual, mas que pode contar com a segurança do veterano internacional português.

O pior: Edwards para inglês ver

Depois de dois jogos onde começou no banco, por ainda não se encontrar a 100%, Marcus Edwards voltou à titularidade, mostrando a Amorim que ainda não está totalmente recuperado. O extremo inglês foi incapaz de criar os desequilíbrios que lhe são tão característicos quando vem da direita para o centro, nem conseguiu combinar com Esgaio pelo corredor. Não foi assim por acaso que os leões canalizaram o seu jogo praticamente sempre pelo lado esquerdo.

O que disseram os treinadores

Artur Jorge, treinador do SC Braga

Rúben Amorim, treinador do Sporting

Veja o resumo do jogo