O plantel do Olivais e Moscavide não vive só do futebol e tem tempo limitado para preparar um jogo “muito especial” diante do Sporting, para a Taça de Portugal, em que o resultado será "o que menos interessa”.
Para o treinador Ricardo Barão, filho do ex-jogador ‘leonino’ Francisco Barão - entre as temporadas de 1976/77 e 1982/83, a nível sénior -, defrontar um clube ‘grande’ numa terceira eliminatória é como uma “final da Taça” e um objetivo para um clube amador.
“O Olivais e Moscavide quer mostrar que, nesta divisão, também há muita qualidade e muitos jogadores que merecem estar numa terceira ou segunda divisão. Quer mostrar que é uma equipa organizada e que quer tentar implantar o seu jogo, com um futebol atrativo. Se perdemos 2-1, ganhamos 1-0 ou levamos 14-0, isso é o que menos nos vai interessar no sábado”, apontou o técnico lisboeta, de 44 anos, em declarações à Lusa.
Ricardo Barão trabalha como comercial em Lisboa e entra cedo ao serviço, saindo por volta das 17:30, pelo que lamentou o pouco tempo disponível para preparar um duelo destes.
“Nestas divisões, já se trabalha tão bem ou melhor do que lá em cima. Temos é pouco tempo para preparar as coisas. Eles têm dias inteiros para observarem jogos, verem os adversários e preparar os treinos. Treinam de manhã e à tarde já estão a ver o que lhes correu bem ou mal para corrigir no dia seguinte. Nós saímos de casa às 07:00 ou 08:00, trabalhamos até às 16:30 ou 17:00, vimos aqui duas horas, chegamos a casa perto das 21:00 e, mesmo que queiramos ver jogos, temos é de preparar o dia de trabalho, porque isso é que nos alimenta, faz viver e a nossa família precisa disso”, salientou o treinador.
Ricardo Barão e Rúben Amorim foram colegas no nível I do curso de treinador e, desde aí, estabeleceram uma relação de amizade e conversam com frequência, acabando por coincidir com o primeiro confronto entre ambos, o que levou a algumas ‘brincadeiras’.
“Não falamos todos os dias, até porque ele tem uma vida, de certeza, mais preenchida do que a minha, mas vamos trocando alguns áudios e mensagens. Já brinquei com ele, a dizer para não me machucar e para não vir com a carga toda, e ele a dizer-me ‘vê lá o que vais fazer’, na brincadeira. Foi coisa curta, vamos ter o sábado para falar”, contou.
Já o capitão de equipa, o defesa central Paulo Freitas, que durante o dia trabalha num apoio ao cliente, confessou à Lusa que o embate com o Sporting será um jogo especial para ele e para a sua família.
“Sendo o clube da minha família, acaba por ser muito especial para o meu pai e o meu irmão, que são dois adeptos ferrenhos do Sporting. Eles que me perdoem, sabem que sou do Olivais e Moscavide, embora o meu pai me tenha feito sócio do Sporting desde o primeiro dia de vida”, revelou, garantindo, contudo, que torcerão por si no sábado.
Formado no Olivais e Moscavide, com experiência já de várias épocas nos seniores do clube e natural também daquela zona, onde sempre viveu, Paulo Freitas, de 29 anos, espera “uma falange de apoio muito grande” na Reboleira, onde quer travar o avançado ‘leonino’ Gyökeres.
“Pessoalmente, gostaria muito de defrontar o Gyökeres. É um jogador diferenciado e que tem tido impacto no nosso campeonato de uma forma extraordinária. Claro que os cuidados vão ser redobrados e a concentração tem de estar no limite. Não é fácil travar esse tipo de jogadores, terá de ser sempre de uma forma mais coletiva”, frisou.
Por seu turno, o avançado brasileiro Fabrício Simões vive uma nova realidade, ao adiar o final da carreira para jogar no Olivais e Moscavide, depois de muitas épocas nos escalões profissionais, conciliando agora o futebol com a profissão diária de motorista.
“A responsabilidade está do lado do Sporting. Nós vamos desfrutar do jogo, mas se der para fazer uma gracinha…”, avisou o jogador de 38 anos, acrescentando: “O que tento passar para os meus colegas é que vai ser uma vitrina para os jogadores mais novos e para desfrutarmos. A oportunidade pode aparecer só uma vez e temos de aproveitar”.
O Olivais e Moscavide, da primeira divisão distrital de Lisboa, recebe o Sporting, atual líder da I Liga, no Estádio José Gomes, reduto ‘emprestado’ pelo Estrela da Amadora, em partida da terceira eliminatória da Taça de Portugal, no sábado, a partir das 20:45.
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