A integridade do desporto assume um “papel central” na retoma competitiva em plena pandemia de covid-19, consideraram hoje o secretário de Estado da Juventude e do Desporto e o secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal.
“A necessidade de pensar o futuro deve ser encarada como mais uma oportunidade para garantir uma estrutura sólida, pautada por um desporto livre de violência, manipulação de competições e outros fenómenos alheios aos valores do desporto e que são uma ameaça para o setor e a sociedade”, admitiu o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, numa sessão virtual da Sport Integrity Global Alliance (SIGA).
O dirigente político manifestou disponibilidade para englobar essa discussão durante a presidência portuguesa da União Europeia (UE), no primeiro semestre de 2021, que inclui no lote de temas prioritários setoriais a Inovação e a Diplomacia no Desporto.
“A inovação tem alterado a forma como o desporto é visto, jogado e organizado. Estes factos tornaram-no mais atrativo e seguro, com enorme impacto no crescimento económico e na criação de empregos. Queremos abordar a inovação de produto, serviço e processo e a inovação organizacional, institucional, social e política”, enumerou.
As conclusões do tema da Inovação começarão a ser discutidas na quinta-feira, na primeira reunião do grupo de trabalho de Desporto, dando o mote para um seminário a decorrer em Lisboa em abril, um mês antes de outro relacionado com a Diplomacia.
“O desporto representa mais uma via para construir pontes entre povos e culturas e pode ser encarado como uma linguagem universal compreendida em todas as latitudes. Queremos que possa, também no seio da UE, ser uma forma relevante de disseminar os valores europeus e valorizar o lugar da Europa no mundo”, explicou João Paulo Rebelo.
Como “tema transversal de preocupação” emerge a pandemia de covid-19, que conduziu o desporto para “tempos absolutamente excecionais” e “veio transformar o futuro” do setor, lançando reflexões sobre a “pertinência dos modelos atuais”.
“A nossa presidência construiu uma plataforma que permite seguir as consequências da pandemia nos Estados-membros, principais estratégias e apoios para a retoma. Pela primeira vez em muitos anos, trabalhamos para recuperar o que perdemos e não para crescer”, notou, face aos efeitos da súbita paragem do desporto em março de 2020.
Apesar da retoma gradual das competições a partir do verão, os escalões de formação permanecem inativos e geram “preocupações muito grandes”, motivando o secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal a pedir uma “resposta imediata e de qualidade”.
“Temos sido líderes na referência da importância da retoma e de ultrapassar os efeitos que a pandemia tem trazido ao desporto em Portugal. É absolutamente essencial que os jovens olhem para o desporto como algo que querem praticar e que está preparado para os receber com todas as valências de integridade”, sugeriu José Manuel Araújo.
O dirigente lembra a ambição da direção do Comité Olímpico de Portugal em “valorizar socialmente” o setor, numa missão que depende de “características que assegurem que as instituições do desporto estão devidamente certificadas e são confiáveis”.
“A transparência, a integridade financeira e nas apostas e, fundamentalmente, a coordenação dos jovens têm de ser o alvo da nossa preocupação. Além da necessidade de todas as competições terem de ser defendidas, há que dar um conjunto de exemplos aos jovens e protegê-los de situações que podem afetá-los na sua competição”, alertou.
José Manuel Araújo também revelou a disponibilidade da entidade máxima do desporto em Portugal para lutar por um setor “justo, íntegro e de valores”, lembrando que o país tem de assumir um “conjunto de responsabilidades” na presidência portuguesa da UE.
“Tem de usá-la para dar os passos necessários até que o desporto seja reconhecido e sejam percebidas as dificuldades associadas à resolução da retoma. É muito oportuna esta referência às prioridades para o desporto e que o Governo aproveite este momento de liderança para aplicar as boas práticas da União Europeia em Portugal”, concluiu.
Portugal assumiu a sua quarta presidência do Conselho da UE em 01 de janeiro, a qual se estenderá durante o primeiro semestre de 2021, sucedendo à Alemanha e antecedendo a Eslovénia, sob o lema “Tempo de agir: por uma recuperação justa, verde e digital”.
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