Os treinadores presentes nos Jogos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorrem na ilha cabo-verdiana do Sal, querem preparar "bons atletas", mas sobretudo, "bons cidadãos", capazes de servir a sociedade.
"O desporto, no geral, precisa de preparação de base, pelo que o nosso trabalho neste momento é preparar os atletas para o futuro. Não precisamos de nos preocupar com resultados imediatos, porque o resultado que tem mais peso é aquele a longo prazo. Estamos a formar os jovens não só em termos desportivos, para serem bons atletas, mas sobretudo para serem bons cidadãos", disse a agência Lusa Idélio Mendes.
Treinador dos paralímpicos de Cabo Verde, Idélio disse que os jogos da CPLP são destinados a atletas dos sub-16 precisamente com essa ideia de fazê-los singrar ao mais alto nível no desporto, mas também evitar os jovens de muitos males que afetam a sociedade.
Idélio Mendes, que participa nos Jogos desde 2005, notou que nesta idade a maior dificuldade dos atletas é a inexperiência, mas considerou que, com um trabalho pedagógico e baseado na planificação, torna-se mais fácil.
Os Jogos contam com a presença de cerca de 500 atletas de Cabo Verde, Angola, Brasil, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Alcides Licussa, treinador do taekwondo de Moçambique, disse que o foco dos atletas é vencer sempre, mas está consciente que nem todos vão conseguir ter sucesso no desporto, e é aí que entra o papel do treinador.
"O principal papel do treinador é estimular os atletas e no taekwondo isso é um pouco mais fácil porque há muita intrusão entre os atletas e a própria modalidade", salientou o técnico desta modalidade que participa pela primeira vez nos jogos da CPLP.
Numa altura em que os atletas estão em idade escolar, o treinador moçambicano disse à Lusa que a gestão é "muito fácil", uma vez que se une o útil ao agradável, ou seja, a vida académica, a desportiva e a pessoal e familiar.
"Vivemos em harmonia familiar, pelo que é um pouco difícil os atletas se afastarem das artes marciais e em particular do taekwondo", afirmou o treinador, que levou quatro atletas aos jogos da CPLP e traço como outro objetivo preparar os jovens para os Jogos Juniores, que acontecem em novembro, no Canadá.
O técnico notou que é "um bocadinho difícil" trabalhar com os jovens nos primeiros meses, quando são iniciantes, mas garante que agora que já são cadetes isso é mais facilitado, porque já têm um determinado nível.
Pedro Ferreira, português também treinador da modalidade de taekwondo, referiu que os atletas que participam nos jogos da CPLP estão numa "fase de especialização", de "ganhar algumas competências" e a trabalhar para participar nos Jogos Olímpicos.
"Estamos a falar de um processo que é longo. São miúdos que trabalham connosco há 10 anos e temos agora é de trabalhá-los para um dia chegarem aos Jogos Olímpicos e a campeonatos do mundo. Esta é a nossa ótica", traçou.
"Numa ótica mais desportiva, sem dúvida que o objetivo é colocá-los no mais alto rendimento, mas é evidente que queremos que estudem, que tenham uma boa vida, que sejam pessoas felizes e que se sintam todos bem", prosseguiu, sublinhando que os atletas presentes nos jogos são "alunos bastante bons".
Aurélio Leite, treinador do voleibol de praia de São Tomé e Príncipe, também considerou que o papel do treinador nessa faixa etária é sobretudo da educação, tendo em conta que os atletas ainda estão numa idade infantil.
Por isso, disse que, além do papel do desporto para o bem da saúde, também precisam saber que o desporto tem um papel "extremamente importante na educação e na disciplina para a vida futura".
"Independentemente dos resultados, são jovens que estão preparados para servir condignamente a sociedade. E estamos a ver que o papel dos treinadores tem sido extremamente importante", concluiu o treinador, responsável por um centro de treinos em São Tomé e Príncipe e que participa pela quarta vez seguida nos jogos da CPLP.
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