Tic, tac. Tic, tac. Faltam dois dias para começarem os Jogos Olímpicos, o pináculo da carreira de muitos atletas, em que através do ouro, da prata ou do bronze, têm a oportunidade de escrever o seu nome na história.
Cem anos depois, Paris vai acolher pela terceira vez as Olimpíadas, procurando entre 26 de julho e 11 de agosto reeditar o sucesso da anterior edição, apesar de estes serem uns Jogos Olímpicos que vão muito além do plano meramente desportivo...
Das águas do Sena, ao problema da segurança e dos transportes culminando na agitação política, estes Jogos pretendem ser um escape aos problemas do mundo real.
Apesar do arranque oficial ser apenas no dia 26 de julho, nesta quarta-feira, o Argentina-Marrocos, às 14h, vai dar o pontapé de saída aos Jogos Olímpicos. Também o rugby de sevens (esta quarta-feira) e o andebol (quinta-feira) vão ter início antes de sexta-feira.
E a cerimónia de abertura?
Uma coisa é certa, a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris já deu muito que falar e será, certamente, história. O palco será o rio Sena e será ainda a primeira vez que a cerimónia acontece fora de um estádio.
Serão mais de dez mil os atletas que vão 'desfilar' na cerimónia que vai decorrer ao longo das margens do rio Sena e até nas suas águas, em cerca de cem barcos que vão andar pela capital francesa na abertura que terá início às 19h24, 20h24 em Paris, em alusão ao ano das Olimpíadas.
Ao que tudo indica será um percurso de seis quilómetros que terá fim em frente à Torre Eiffel, no Trocadéro, por volta das 22h50, horário em que a embarcação francesa deverá chegar ao local. Aí serão ouvidos os hinos nacionais, os discursos oficiais e a libertação simbólica de pombas, assim como algumas performances.
Serão cerca de 300 mil as pessoas presentes na cerimónia - o máximo até agora -, apesar de inicialmente se ter apontado para cerca de 600 mil espetadores, mas devido a razões de logística e, principalmente, de segurança o número foi reduzido para metade.
A mascote: Phryges
Paris2024 apresenta-nos a Phryges, a nova mascote dos Jogos Olímpicos, e não, não se trata de uma referência à Torre Eiffel. Por norma as mascotes dos Jogos Olímpicos são inspiradas em animais que representem o país-sede, mas este não é o caso deste ano.
A Phryges representa um barrete - inicialmente usado pelos residentes da Frígia - que foi utilizado pelos republicanos franceses que lutaram pela tomada da Bastilha, em 1789.
Desta feita, esta mascote foge à tradição para simbolizar "a liberdade francesa".
As medalhas
'Ouro, prata ou bronze' são os objetivos de todos os atletas que vão competir nos Jogos Olímpicos, mas para muitos não passará apenas de uma miragem, de um sonho distante.
O design dos prémios mais apetecidos das Olímpiadas ficou a cargo da joalharia francesa Chaumet, que reforçou o desejo da mesma que os atletas medalhados levassem consigo, não só o metal original de cada uma das medalhas, como também um pouco da história de um dos símbolos de Paris e de França - um pedaço de ferro em forma de hexágono retirado da Torre Eiffel original.
"Descobrimos que ao longo dos anos, durante a manutenção da Torre Eiffel, foram obrigados a remover parte da estrutura original. Usamos essas peças. Havia mais do que suficiente", explicou Thierry Reboul, diretor de cerimónias dos Jogos de Paris.
Outro dos pontos importantes é que todo o metal usado nas medalhas de Paris, que pesam cerca de meio quilo, foi reciclado.
Sabia que as medalhas como agora as conhecemos só surgiram em 1904, nos Jogos Olímpicos de Verão em St. Louis?
Nos primeiros Jogos da era moderna, em 1896, os vencedores recebiam um ramo de oliveira acompanhado por uma medalha de prata. Também as medalhas mudaram ao longo dos anos, uma vez que, inicialmente foram desenhadas para serem colocadas ao peito do atleta, como uma espécie de pin, e apenas em 1960 o design mudou para o que conhecemos atualmente.
Quanto ganham os atletas em Paris2024?
Uma das perguntas que certamente já se fez é: 'Quanto ganham os atletas nos Jogos Olímpicos?'
Bem, por norma, a resposta é: nada! Apesar de os Jogos serem, sem sombra de dúvidas, o pináculo do desporto, o reconhecimento que advém da participação nem sempre se transforma em retorno financeiro.
A verdade é que o Comité Olímpico Internacional (COI) não oferecer qualquer compensação financeira, mas o mundo do atletismo foi surpreendido, em abril, pela World Athletics, que será a primeira federação internacional a dar um prémio monetário aos medalhados de ouro.
Um total de 2,4 milhões de dólares (cerca de 2,2 milhões de euros) será distribuído pelos campeões das 48 provas de atletismo em Paris, com cada um dos medalhados de ouro a receber 50.000 dólares (cerca de 46.000 euros), sendo que, nas estafetas o valor é dividido pelos vários elementos.
Os locais
A maioria das modalidades dos Jogos vão ter lugar no Stade de France, mas a cidade de Paris vai também ser palco de algumas provas, com locais emblemáticos do país a serem o palco para os grandes atletas.
Entre eles, claro, a Torre Eiffel que vai servir de pano de fundo para o voleibol de praia, num estádio temporário. Por sua vez, no Campo de Marte vão se realizar as competições de judo e luta.
Os locais onde vão decorrer os Jogos Olímpicos
Outro dos sítios emblemáticos da cidade é o Grand Palais, local onde vão decorrer as competições de esgrima e taekwondo.
Perto do Champs Elysées, a Praça da Concórdia vai receber as provas de skate, basquetebol 3x3, BMX freestyle e, por fim, a estreia do breakdancing. Nem o Palácio de Versalhes escapa à febre dos Olímpicos, com as provas de equitação, de pentatlo e de maratona a realizarem-se no emblemático local.
Por fim, duas das competições vão se realizar fora de Paris: a vela e o surf. Esta última vai se realizar em Teahupo'o, na Polinésia francesa, enquanto que as provas de vela vão ser disputadas em Marselha.
Breaking, o novo desporto olímpico e as mudanças para Paris2024
O breaking será a única modalidade em estreia nos Jogos Olímpicos Paris2024, numa aparição que até poderá ser única, uma vez que, não está no programa para Los Angeles2028.
Serão 32 breakers, 16 homens e 16 mulheres, com destaque para a b-girl portuguesa Vanessa Marina. A prova vai decorrer com uma primeira fase de grupos, que apura para os quartos de final, aos quais se seguem as meias-finais e a final, com tudo a disputar-se na Praça da Concórdia.
Apesar de breaking ser a única estreia ser o breaking, há novidades noutras modalidades.
Na escalada, ao contrário do que aconteceu em Tóquio2020, vai-se coroar campeões em duas disciplinas diferentes, a velocidade e boulder&lead. Na prova de cross na canoagem slalom, na qual, ao contrário do slalom tradicional, em que se corre contra o tempo, quatro atletas vão disputar lado a lado o percurso, com o primeiro a cortar a meta a ser o vencedor.
Pela primeira vez na história, os homens vão competir na natação artística, enquanto, no tiro, a prova de equipas mistas de skeet vai substituir o mesmo evento em fosso olímpico.
O kite surf, no qual estará a portuguesa Mafalda Pires de Lima, passa a integrar o programa da vela. No atletismo, a prova mais longa do programa, os 50 km marcha, foi eliminada e foi substituída pela estafeta mista, que terá a distância de uma maratona.
A paridade em Paris2024
Numa cidade em que em 1900 as mulheres estrearam-se a competir nas Olímpiadas, um dos objetivos lançados para Paris2024 era a paridade de género e a verdade é que ficou muito perto de acontecer... Segundo os últimos dados do COI, nos 329 eventos de medalhas, haverá 157 para homens, 152 para mulheres e vinte para os dois géneros juntos.
Dos 32 desportos, a verdade é que 28 são "totalmente iguais em género", como é o caso do breaking. No caso da ginástica rítmica continua a ser o único desporto só para mulheres, mas a natação artística passou também a permitir a participação de homens.
A poucos dias dos Jogos Olímpicos serão 11 215 os atletas presentes (incluindo as reservas), sendo que, estarão divididos entre 5 712 homens e 5 503 mulheres, o que representa uma percentagem de 51% contra 49%.
Haverá ainda a presença de dois atletas que se identificam como não binário e transgénero na competição feminina, o caso de Nikki Hiltz, no atletismo, e de Quinn, no futebol.
As principais estrelas dos Jogos Olímpicos
São muitas as estrelas que vão iluminar a Cidade da Luz durante os dias 26 de julho e 11 de agosto. De toda a parte do mundo vêm os grandes atletas lutar pelo mesmo objetivo - as medalhas olímpicas.
Falar em Jogos Olímpicos sem falar em Simone Biles é praticamente impossível. E em Paris, a ginasta quer aumentar a sua coleção, fixada - por enquanto - nas sete medalhas conquistadas em duas Olímpiadas diferentes, apesar de em Tóqui ter decidido retirar-se de várias competições devido à sua saúde mental.
Depois do vazio deixado por Usain Bolt, Noah Lyles tem tudo apontado para correr até ao degrau mais alto do pódio. À semelhança de Mondo Duplantis, no salto com vara. O sueco já nos habituou, não só a conquistar medalhas como a bater os seus próprios recordes, e em Paris é quase garantido que vai voltar a saltar, mas para o ouro.
Femke Bol é outro dos nomes a ter em atenção nos 400 metros barreiras, mas não vai estar sozinha, uma vez que, Sydney McLaughlin-Levrone também promete dar espetáculo na capital francesa.
No basquetebol as atenções estão viradas para a equipa norte-americana, encabeçada por LeBron James que vai procurar encestar a sua terceira medalha de ouro.
No ténis, Roland Garros vai voltar a encher-se para batalhas épicas com nomes como Rafael Nadal, Carlos Alcaraz e Novak Djokovic a prometer dar espetáculo.
A mais de 15 mil quilómetros de Paris, na Polinésia Francesa, a prova de surf promete muita emoção e, claro, grandes ondas em Teahupo'o, com nomes como Kanoa Igarashi, Griffin Colapinto, Carrissa Moore ou Caroline Marks a serem cabeças de cartaz, numa prova em que as atenções também estarão viradas para Portugal e para Teresa Bonvalot e Yolanda Hopkins.
A missão portuguesa
A missão portuguesa vai contar com 73 atletas qualificados, mais três em reserva, divididos por 15 modalidades e 21 disciplinas. Pela primeira vez a equipa portuguesa vai contar com mais atletas femininas (37) do que masculinos (36).
Portugal vai apresentar uma média de idades a rondar os 28,8 anos com o atleta mais jovem a ser Gabriel Albuquerque, da ginástica, com 19 anos, contrastando com os 45 anos da mesatenista Fu Yu.
Os atletas da missão portuguesa em Paris2024
A modalidade que vai contar com mais atletas, 22, vai ser o atletismo, onde Pedro Pablo Pichardo, no triplo salto, vai encabeçar o nome a ter mais atenção da equipa das quinas. Com sete participantes segue-se o ciclismo e o judo, em que Portugal vai tentar alcançar medalhas principalmente por Jorge Fonseca, que pretende repetir ou melhorar o resultado em Tóquio2020.
Seguem-se o equestre, ténis de mesa e a natação, todos com cinco participantes, e aí as atenções vão para o nadador do momento, Diogo Ribeiro, que vai fazer sonhar os portugueses com 'A portuguesa' no lugar mais alto do pódio.
Quem também nos faz sempre sonhar é Fernando Pimenta, já perdemos a conta às medalhas que conquistou, mas o ouro olímpico é aquela conquista que ainda falta... será desta? Na canoagem, assim como no triatlo e na vela vão ser quatro os participantes portugueses.
Na ginástica, no skateboarding, no surf e no ténis serão mais dois os participantes portugueses em cada modalidade. Gustavo Ribeiro vai ser o primeiro português a entrar em ação e a ambicionar por uma medalha, logo no sábado, dia 27.
Com apenas uma representante lusa seguem-se o tiro com armas de caça e o breaking, em estreia nestes Jogos Olímpicos.
A comitiva portuguesa vai ainda contar com 36 estreantes lusos em Jogos Olímpicos, como é o caso de Diogo Ribeiro, de Iúri Leitão ou de Maria Inês Barros.
Quais as expectativas de medalhas para Portugal?
A Missão portuguesa parte para Paris2024 com o ‘peso’ de igualar ou melhorar os resultados de Tóquio2020, depois de ter conquistado o número inédito de quatro medalhas.
Curiosamente essa é a previsão que a 'Sports Illustrated' avançou para Portugal em Paris2024. Essas quatro medalhas virão da canoagem (uma de ouro e uma de prata), do atletismo (bronze) e do ciclismo de pista (prata).
Acompanhe toda a informação, imagens e vídeos do maior evento desportivo do mundo, os Jogos Olímpicos de Paris, aqui no SAPO Desporto.
Comentários