O atleta será o centro das políticas que Fernando Gomes espera desenvolver no Comité Olímpico de Portugal (COP), com o candidato a querer mais condições para a preparação, mas a afastar a “utopia” de organizar uns Jogos Olímpicos.

“Temos a consciência de que tem faltado algo do ponto de vista da criação das condições de preparação nas mais diversas vertentes, ao nível do apoio médico, psicológico, ao nível de nutricionistas, ao nível daquilo que são as bases fundamentais em termos da preparação do atleta”, admitiu.

Fernando Gomes tornou o atleta no epicentro do seu programa e rodeou-se de antigos olímpicos na sua Comissão Executiva – Rosa Mota, Domingos Castro, Diana Gomes e Catarina Rodrigues -, prometendo agora que serão os desportistas “o centro das atenções e das políticas” que os membros da sua lista vierem a desenvolver no COP.

Além de apontar “uma necessidade imperiosa de alargar a base de recrutamento de atletas para, desse alargamento, poderem sair mais talentos”, num projeto “a médio e longo prazo”, o candidato quer acautelar o pós-carreira destes, com o “próprio Estado a dar-lhes algumas condições de vantagem”, nomeadamente ao nível da formação.

Assim, se for eleito em 19 de março, o seu ponto de ação inicial será “claramente” dialogar com as federações todas, no sentido de redefinir “eventualmente um ou outro aspeto” do seu programa.

“Estou convencido de que, eventualmente, não será necessário. Porque […], este período de pré-campanha, após aquele período da minha libertação enquanto presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), no dia 21 de fevereiro, deu-me uma capacidade acrescida de poder contactar com todos. Nós temos bebido muita dessa informação que temos tido no diálogo permanente com as federações desportivas e, portanto, estamos convencidos de que esse plano está muito ajustado relativamente àquilo que fazer”, esclareceu.

Depois deste passo, Gomes quer “começar a trabalhar” para concretizar o seu programa “um curto espaço de tempo”.

“Este ciclo olímpico é muito curto, são três anos - estamos em 2025, os próximos Jogos Olímpicos são em 2028. É um período curto em que nós temos que fazer, mas também, ao mesmo tempo, projetar aquilo que será o ciclo seguinte para Brisbane2032”, pontuou.

Notando que durante os seus três mandatos à frente da FPF executou mais de 90% dos compromissos assumidos em cada um dos atos eleitorais, o portuense de 73 anos garantiu que também no COP fará igual.

Por isso, fora do programa do homem responsável por trazer para Portugal o Mundial de futebol, numa organização conjunta com Espanha e Marrocos em 2030, ficou uma candidatura para sediar uns Jogos Olímpicos.

“Creio que a vivência atual, em termos de decisões e das fasquias que foram colocadas ao nível da organização dos Jogos Olímpicos, torna inviável e impossível que haja qualquer capacidade ou possibilidade de Portugal poder organizar. É uma utopia, temos que ter os pés assentes na terra. Nós, por experiência própria, sabemos da dificuldade que seria a ocorrência de uma circunstância desse tipo. Não nos parece de todo viável”, assumiu.

Fernando Gomes antevê que só uma alteração no modelo de atribuição da organização dos Jogos Olímpicos, motivado por uma eventual dificuldade em encontrar um país ou uma cidade que tenha condições para os acolher, poderia levar a que Portugal, “juntamente com outros países, outras geografias”, tivesse capacidade para avançar com uma candidatura.

“Mas, sinceramente, não creio que nos tempos mais próximos, essa realidade vá ser sequer ponderada na medida em que, sistematicamente, nós temos assistido as cidades a candidatarem-se e a organizarem os Jogos Olímpicos”, concluiu.