“Tenho um sonho, que é ser campeão olímpico, vai ser em Paris”, atirou o judoca, de 28 anos, na zona mista do Nippon Budokan.
Jorge Fonseca conquistou o bronze na categoria de -100 kg dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, ao bater o canadiano Shady Elnahas, por ‘waza-ari’, alcançando a 25.ª medalha do deporto português em Jogos Olímpicos.
Depois de dois títulos mundiais, os primeiros da história do judo português, e uma medalha de bronze em Europeus, o atleta do Sporting, que no Rio2016 tinha sido 17.º, garantiu a sua primeira medalha olímpica, ao pontuar para ‘waza-ari’, a 39 segundos do fim.
Antes, tinha perdido nas meias-finais com o sul-coreano Cho Guham, depois de ter afastado o belga Tomo Nikiforov e o russo Niiaz Iliasov para chegar às ‘meias’.
“Estou a viver um momento histórico da minha vida. Não misturo a minha felicidade e a estrago ao mesmo tempo [a responder às críticas]. Hoje, vou desfrutar do que conquistei, algo histórico, a primeira medalha nestes Jogos. Já merecíamos e os portugueses precisavam. Estava farto de ouvir que Portugal não ganhava nada”, desabafou.
Este bronze, de resto, deu-lhe “mais fome”, até por uma espécie de ‘vingança’ pessoal contra França. “Estou por aqui com os franceses, [uma vez] um francês eliminou-me e gritou-me na cara. Quero ganhar lá, gritar na cara, porque sou rancoroso e não gosto de perder”, brincou.
De resto, essa é uma questão recorrente, de se alimentar das críticas e das dúvidas, mas também de uma confiança em si próprio, até por dizer “eu sou o melhor”, enquanto ouve música nos períodos que antecedem o combate.
“A música está a tocar, mas na minha cabeça estou o tempo todo a dizer que sou o melhor. A música está para não ouvir o barulho das pessoas. Estou a ver só o que quero. (...) Estou sempre a ouvir ‘Melhor de Mim’, da Mariza. Ouço aquilo todos os dias. O melhor de mim está para chegar. É Paris2024, vou trabalhar para isso”, garantiu.
O judoca, que garantiu a 25.ª medalha olímpica para o país, deixou ainda um repto pelo desenvolvimento das modalidades, porque “está na hora do desporto nacional crescer”.
“É sempre futebol, futebol, futebol. As modalidades têm de crescer. Se for como o futebol, vamos ter muitas medalhas nos Jogos”, declarou, mencionando ainda a vontade de torcer pelos restantes atletas lusos em Tóquio.
Elencou, de resto, várias outras possibilidades de medalha, do canoísta Fernando Pimenta a Auriol Dongmo (lançamento do peso), Pedro Pichardo e Nelson Évora (triplo salto).
Por agora, vai “levar na cabeça” do treinador, ligar à mãe, que estava “mais nervosa” que o próprio atleta, nascido em São Tomé e Príncipe, “comer bem”, divertir-se e “ver o que correu mal” na derrota nas meias-finais.
“A festa, mesmo, vai ser em Paris e no Marquês de Pombal”, disse, de novo aludindo aos próximos Jogos Olímpicos, daqui a três anos.
Portugal passou a contar quatro medalhas de ouro olímpicas, oito de prata e 13 de bronze, três das quais no judo, por Telma Monteiro (-57 kg), no Rio2016, e Nuno Delgado (-81 kg), em Sydney2000, e, agora, Jorge Fonseca, em Tóquio.
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