A marca portuguesa Nelo fornece 75 por cento da frota olímpica da canoagem e prepara-se para ganhar a esmagadora maioria de medalhas nos Jogos de Londre2012, mas o seu diretor-executivo, Nuno André Santos, «trocava todas por uma lusa».
A crise não passa pelo maior produtor mundial e a “base” da marca portuguesa é mesmo o local mais sagrado das instalações da canoagem de Eton Dorney, em Windsor, onde os últimos dias antes do arranque do torneio são passados a “massajar” e “afinar” os barcos dos próximos campeões olímpicos.
«A primeira medalha [olímpica] do Nelo como construtor foi em 1996 em Atlanta. Em 2000 obtivemos cinco medalhas, em Atenas 14, em Pequim 20 e aqui ambicionamos manter-nos acima das 20 medalhas. Em 2008 tivemos mais do dobro de medalhas do segundo construtor, a polaca Plastex», refere com orgulho Nuno André Santos, mostrando-se confiante de que uma será da equipa nacional de canoagem.
Afinal, Portugal vai mesmo ganhar medalhas, e muitas, em Londres2012, faltando apenas que os seis canoístas nacionais presentes (Helena Rodrigues, Teresa Portela, Joana Vasconcelos, Beatriz Gomes, Emanuel Silva e Fernando Pimenta) transformem em troféus a supremacia técnica que a marca conquistou nos quatro cantos do planeta.
«Uma medalha aqui vinha a calhar e posso ser otimista e dizer que tenho esperança que entre as quatro embarcações que vão competir aqui, se a sorte estiver do nosso lado e naquele dias eles estiverem no seu melhor, uma medalha não é de todo impossível», acrescentou.
Ao lado da tenda onde estão a ser “polidos”, pintados e afinados os barcos da Nelo, um contentor que serve de escritório e também de sala de convívio para os elementos das equipas, que preferem estar ali, ao lado das suas “máquinas”, do que no “lounge” dos atletas.
É o caso da equipa olímpica de Cuba, uma das candidatas a medalhas, que hoje de manhã veio acompanhar o trabalho dos técnicos da Nelo, que também estão presentes em Lee Valey, na vertente de “slalom”.
Os cubanos passaram a utilizar exclusivamente barcos da marca portuguesa depois de 2008 e Jorge Garcia Rodriguez, campeão pan-americano de K1 1000 metros, é perentório: «Gosto muito dos barcos da Nelo. Antes usava um Plastex, mas desde que remei com um Nelo nunca mais os deixei de usar».
Em frente, junto à margem do Dorney Lake, os kayaks e canoas repousam nas estruturas metálicas que lhes servem de cama, mas alguns destacam-se.
É o caso da canoa do espanhol David Cal Figueroa, o mais galardoado atleta olímpico espanhol (uma medalha de ouro em C1 1000 metros e três de prata em C1 500 e 1000), que em Londres2012 deveria ter sido o porta-estandarte do país antes do seu comité olímpico ter optado por Rafael Nadal.
A distinção acabou por sobrar para o basquetebolista Paul Gasol, após a desistência por lesão do antigo número um mundial de ténis.
A Nelo começou a laborar em 1978 e atualmente fabrica 3.000 barcos na sua fábrica de Canidelo, onde trabalham cerca sensivelmente 100 pessoas. «Vende tudo», e espera atingir em 2012 um volume de faturação próximo dos cinco milhões de euros.
A marca é patrocinadora da federação de canoagem e fornecedora oficial das principais competições mundiais e Portugal deverá acolher no próximo ano dois campeonatos da Europa e o primeiro campeonato do Mundo da nova modalidade de “surf ski” em que a Nelo é o grande “sponsor”.
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