A ministra do Desporto de França, Amélie Oudéa-Castéra, reconheceu hoje que "nunca é um momento fácil" lidar com buscas, como as realizadas no âmbito das investigações da Procuradoria de Finanças (PNF), aos organizadores dos Jogos Olímpicos Paris2024.
“Nunca é um momento fácil para as equipas. Lembro que existe toda uma série de procedimentos, controlos muito criteriosos, muito regulares”, comentou Amélie Oudéa-Castéra, após a apresentação do percurso da tocha olímpica.
Na quarta-feira, a consultora Keneo, especializada em desporto, foi alvo de buscas a mando da PNF, tendo esta empresa referido em comunicado que está a cooperar "totalmente" com os investigações em curso, isto, depois de na terça-feira terem havido buscas na sede do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos Paris2024 (COJO), em Saint-Denis, em Paris.
“Agora, todos devem fazer o seu trabalho. Os serviços de investigação da polícia judiciária vão fazê-lo, mas as equipas do COJO devem poder continuar a trabalhar com calma para entregar os Jogos”, acrescentou a ministra.
Esta investigação diz respeito a um conjunto de contratos adjudicados pela COJO e pelo GIP 2024, a comissão de candidatura que antecedeu o COJO, e o inquérito foi aberto em 2017 pela PNF, estando a cargo do Gabinete Central de Combate à Corrupção e Contra-Infrações Financeiras e Fiscais (Oclciff).
Os crimes abrangidos são a usurpação de interesses, desvio de fundos públicos, favoritismo e ocultação de favoritismo.
Na terça-feira, o COJO asssegurou que está a "colaborar plenamente com as autoridades, de modo a facilitar as investigações", quando faltam 14 meses para os Jogos de Paris2024 e num momento em que era desconhecido qualquer processo judicial em curso.
Em abril de 2021, dois relatórios da agência francesa anticorrupção sobre a organização dos Jogos Olímpicos de Paris2024 já apontavam para o risco “de quebra” nos valores de honestidade administrativa e em “conflito de interesses”.
Uma imagem contrária aos Jogos exemplares que Tony Estanguet, antigo canoísta e presidente do Comité Organizador, tem defendido.
Os relatórios incidem sobre o COJO, mas também sobre a Solideoe, empresa responsável pelas obras para o evento, entre outras entidades, com os inspetores da agência anticorrupção a considerarem que existem compras “imprecisas e incompletas” e situações de potencial conflito de interesses.
Os Jogos Olímpicos Paris2024 vão ser disputados entre 26 de julho e 11 de agosto do próximo ano.
Comentários