Portugal chega aos Jogos Olímpicos Londres2012 com expetativas menos elevadas do que em anteriores edições, por força de uma série de ausências que fazem recair o peso das medalhas quase exclusivamente sobre a judoca Telma Monteiro.
Em Pequim2008, o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) antecipou três ou quatro medalhas, mas só Nelson Évora e Vanessa Fernandes corresponderam. Este ano, sem o campeão olímpico do triplo salto nem a vice-campeã do triatlo, Vicente Moura mostrou-se mais reservado.
«As minhas previsões não são muito otimistas em termos de pódio, mas não em termos de final. Às vezes as coisas acontecem. Há quatro anos enganei-me e espero que me volte a enganar novamente em Londres», afirmou o líder do COP, a duas semanas do arranque dos Jogos Olímpicos.
As expetativas frustradas de Pequim, as lesões de Nelson Évora, Rui Silva (bronze nos 1.500 metros em Atenas2004) e Francis Obikwelu (prata nos 100 metros em Atenas2004) - que deixam a comitiva portuguesa sem qualquer medalhado olímpico - e o ocaso de Vanessa Fernandes talvez expliquem a contenção de Vicente Moura.
A estes junta-se ainda Naide Gomes, que procurava redenção em Londres após a desilusão no comprimento em Pequim e que acabou lesionada, limitando ainda mais os horizontes equipa de atletismo portuguesa, que poderá não trazer medalhas dos Jogos pela primeira vez desde há 20 anos.
Com o atletismo em “baixa”, apesar de ser a modalidade mais representada, tendo 24 elementos entre os 77 que vão defender Portugal, os “olhos” de Portugal estão postos no judo. E a responsável é a atleta do Benfica, porta-estandarte de Portugal na cerimónia de abertura, na sexta-feira, 27 de julho, que não se mostra pressionada por isso.
«Com ou sem medalha olímpica, tenho uma carreira de que me posso orgulhar. Ninguém me tira as três medalhas [de prata] em campeonatos do Mundo, vários títulos europeus e incontáveis medalhas em Taças do Mundo. Sou uma pessoa orgulhosa do que conquistei e espero continuar assim», disse à Lusa a melhor judoca portuguesa de sempre, quatro anos depois do dececionante nono lugar de Pequim.
Terceira do “ranking” mundial de -57 kg (segunda no apuramento olímpico), Telma Monteiro é justificadamente a maior esperança lusa em Londres, onde a japonesa Kaori Matsumoto, líder da hierarquia e grande dominadora da categoria nos últimos anos, é o seu principal obstáculo no caminho para o ouro. Mas não é invencível.
«Se Matsumoto parece ser a grande favorita, todas as outras concorrentes sabem que ela ainda pode melhorar. (…) Telma Monteiro, se competir em Londres como fez em Paris [no Grand Slam] em fevereiro, vai ser imbatível», lê-se na previsão da Federação Internacional de Judo, que aguarda pelo dia 30 de agosto para ser comprovada.
No entanto, das 13 modalidades que Portugal leva à 27.ª edição dos Jogos, que se realiza entre 27 de julho e 12 de agosto, as perspetivas de bons resultados não se resumem ao judo. Com expetativas de medalhas mais reduzidas, os lugares de finalista (até ao oitavo lugar) parecem os objetivos mais tangíveis em modalidades como o atletismo, a canoagem, a vela, o remo, o tiro ou os trampolins.
Ana Dulce Félix (10.000 metros), Sara Moreira (5.000), Patrícia Mamona (triplo), Jessica Augusto (maratona) e Marco Fortes (peso) são os principais candidatos do atletismo a um lugar entre os oito primeiros, procurando melhorar os dois lugares de “top-8” de Pequim (o título de Évora e o oitavo lugar de Ana Cabecinha), que é uma meta muito mais realista, procurando aproximar-se do recorde de cinco lusos em Los Angeles1984.
Na canoagem, o K1 200 e 500 Teresa Portela, o K2 1.000 Fernando Pimenta/Emanuel Silva e o K4 500 Helena Rodrigues/Teresa Portela/Joana Vasconcelos/Beatriz Gomes estão apontados à final de oito e, daí ao pódio, tudo se pode resumir a umas frações de segundo, o mesmo sucedendo com Pedro Fraga e Nuno Mendes no remo, em double scull peso ligeiro.
A final é também um objetivo para o mais velho dos portugueses em Londres, João Costa, que aos 47 anos vai para a sua quarta participação, depois do sétimo lugar em Sydney, 12.º em Atenas e 17.º em Pequim.
Nos trampolins, Diogo Ganchinho e Ana Rente também querem dar um pulo para os primeiros oito, para melhorarem os 11.º e 16.º lugares alcançados na China, respetivamente.
A vela leva aos Jogos o segundo maior contingente luso, com 13 elementos, dos quais se destacam o experiente João Rodrigues (RS:X), que passará a ser o português com mais presenças em Jogos Olímpicos (seis), Gustavo Lima (Laser), Álvaro Marinho e Miguel Nunes (470) e Afonso Domingos e Frederico Melo (Star), todos a lutar por um lugar na Medal Race.
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