Os atletas que terminem suspensões por doping a tempo de se qualificarem para os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para julho de 2021, não devem ser impedidos de participar, considerou hoje o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo.
A Athletics Integrity Unit (Unidade de Integridade do Atletismo) estima que pelo menos 40 dos cerca de 200 atletas nessas condições poderão beneficiar do adiamento dos Jogos, devido à pandemia de covid-19, e Jorge Vieira defendeu que, cumprido o castigo, o atleta tem “os mesmos direitos dos outros”.
“O castigo dos atletas suspensos por doping não foi o de não participarem nos Jogos, foi uma suspensão da atividade desportiva por um determinado período de tempo. E a nossa organização penal diz que a pessoa que cumpre o seu castigo, a partir daí, será um cidadão com os mesmos direitos”, justificou o líder da FPA.
Jorge Vieira lembrou que estamos perante uma situação “anómala”, que alterou todo o cenário, e apontou outras situações como as de atletas que participariam nos Jogos Olímpicos em 2020 e acabarão por perder a oportunidade devido a “lesões ou doenças” contraídas entretanto, pelo que defende que todos os que não têm qualquer penalização “devem participar”.
“Naturalmente, o doping, sobretudo o organizado, tem prejudicado o atletismo português ao longo dos anos, porque muitos resultados foram obtidos de forma ilícita. Mas, nesta questão em si, os atletas castigados individualmente e que cumpriram as suas penas não devem ser mais penalizados”, concluiu o líder federativo.
A opinião de Jorge Vieira vai ao encontro da do presidente a Agência Mundial Antidopagem, que referiu que a imprevista crise de saúde pública, devido à pandemia de covid-19, não significa que as autoridades possam “escolher discriminadamente” o período em que um atleta está ou não elegível para competir.
“Isto é completamente consistente com os princípios da justiça e de outras áreas da lei, no que se refere ao desporto ou mesmo a atividades criminais. Quando o infrator cumpriu o seu tempo, a sentença considera-se cumprida”, defendeu Witold Banka.
Já o líder da World Athletics não foi tão taxativo e referiu que este assunto é “algo que deve ser analisado”.
“Sei que isto é algo que a Unidade de Integridade do Atletismo e todas as outras agências relacionadas com a nossa modalidade terão de pensar. É mais um assunto na já sobrelotada ‘caixa de entrada’ neste momento”, comentou Sebastian Coe.
Os Jogos Olímpicos estavam marcados para decorrerem entre 24 de julho e 09 de agosto de 2020, mas foram adiados em um ano, devido ao surto do novo coronavírus, e vão realizar-se entre 23 de julho e 08 de agosto de 2021.
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