A missão portuguesa aos Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para este verão, está otimista e não encontrou, na atualização dos manuais relativos à covid-19 no evento, qualquer necessidade de readaptação imediata, explicou à Lusa o chefe da missão.
Segundo Marco Alves, a nova versão do manual (‘playbook’) para as comitivas, com destaque para os testes diários para os atletas participantes, veio “confirmar as notícias que tinham saído aqui e ali sobre o que era previsto acontecer para o período dos Jogos”.
O reforço na despistagem à infeção pelo novo coronavírus representa, segundo o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, “um sinal de solidariedade e respeito da comunidade olímpica para com os anfitriões japoneses”.
Os responsáveis pela organização de Tóquio2020 apresentaram estas novas medidas restritivas, com a atualização do ‘playbook’, numa altura em que a população japonesa se tem manifestado a favor de um novo adiamento ou do cancelamento da competição.
Marco Alves destaca também a “necessidade de maior controlo” antes da partida, com um segundo teste, a que se soma uma monitorização de movimentos nos 14 dias que antecedem a viagem, somada à testagem diária.
“Aqui, a questão que se levanta é o que isto impacta no dia a dia na Aldeia Olímpica, porque falamos de dias preenchidos, no que diz respeito a treino e preparação, mais esta variável, não sendo certo que tenham de ser todos os dias PCR, fala-se de testes de saliva”, elenca.
Para o chefe de missão, a “principal novidade” tem que ver com a “definição de contactos próximos”, agora esclarecida, definindo uma série de parâmetros: se os contactos ocorrem ao ar livre ou espaço fechado, com ou sem máscara, e durante quanto tempo.
“Interessava conhecer esta matéria, porque colocava mais ansiedade no processo, por não sermos só nós que temos de garantir as medidas, mas também perceber que o contacto com terceiros podia influenciar, inclusive, a participação dos atletas nos Jogos”, comenta.
Uma expectativa que, para já, não foi ainda atendida prende-se com orientações específicas para cada modalidade, que o Comité Olímpico de Portugal (COP) pudesse trabalhar diretamente com cada federação, o que deverá chegar, no máximo, em junho, com a publicação de guias técnicos.
“Na verdade, estes 'playbooks' têm saído com a regularidade anunciada, mas não trazem nenhuma surpresa. Esta gestão tem sido muito feita na comunicação social, e do que tínhamos previsto aquando da saída dos primeiros, não digo agora que tenhamos alguma situação em que tenhamos de nos readaptar”, considera.
Em suma, a esperança é que “não surgirão alterações drásticas” a 30 ou 20 dias do arranque, em 23 de julho, e estes vários momentos de maior noção de como o evento vai decorrer podem “ser as pedras que fazem caminhar”, por darem “uma segurança necessária”.
“Temos de ser otimistas”, resume.
Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 foram adiados para 23 de julho a 08 de agosto de 2021, devido à pandemia de covid-19, enquanto os Paralímpicos foram reagendados para o período entre 24 de agosto e 05 de setembro.
Também hoje, a organização de Tóquio2020 adiou para junho a decisão – esperada para estes dias – sobre a possibilidade de as competições terem espetadores, isto depois de já ter sido definida a proibição de público proveniente de fora do Japão.
Até 11 de maio, Tóquio, Kyoto, Osaka e Hyogo estão sob estado de emergência, o terceiro do país desde o início da pandemia, obrigando a que os eventos desportivos sejam realizados à porta fechada.
O país contabiliza um total de cerca de 577 mil infetados pelo novo coronavírus e mais de 10 mil mortos. O fim do presente estado de emergência coincide com a visita do presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach.
Entretanto, numa reunião do comité de saúde do parlamento japonês, o responsável pelo painel governamental japonês de peritos sobre a pandemia defendeu que as autoridades locais “devem discutir” a realização dos Jogos Olímpicos no próximo verão, face ao aumento de infeções pelo novo coronavírus.
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