O incidente ocorrido com a atleta bielorrussa Krystsina Tsimanouskaya, que denunciou ter sido forçada a retirar-se dos Jogos Olímpicos de Tóquio, demonstra que “a brutalidade” do regime de Alexander Lukashenko não respeita sequer tréguas olímpicas, comentou hoje a UE.
“A tentativa de forçar o seu repatriamento contra a sua própria vontade é mais um exemplo da brutalidade da repressão do regime de Lukashenko, que atinge todas as categorias da sociedade bielorrussa, incluindo atletas, e não respeita quaisquer tréguas olímpicas”, declarou hoje uma porta-voz responsável pela política externa, durante a conferência de imprensa da Comissão Europeia.
A mesma porta-voz expressou a “plena solidariedade” da União Europeia com a atleta, afirmando que a UE agradece aos Estados-membros que lhe ofereceram apoio e saúda o facto de Tsimanouskaya já ter recebido um visto humanitário da Polónia.
Varsóvia atribuiu na segunda-feira um visto humanitário à velocista bielorrussa, que denunciou ter sido forçada a retirar-se dos Jogos Olímpicos que decorrem em Tóquio por ter criticado as autoridades da Bielorrússia, anunciou hoje o Governo polaco.
O marido da atleta, Arseni Zdanevitch, tinha admitido antes que Krystsina Tsimanouskaya pretendia ir para a Polónia por recear pela sua segurança na Bielorrússia.
"Penso que [na Bielorrússia] não estaríamos seguros”, disse Arseni Zdanevitch, contactado por telefone pela agência France-Presse.
A atleta deveria ter participado na segunda-feira na prova de 100 metros, mas disse que os dirigentes olímpicos da Bielorrússia a inscreveram na estafeta de 4x400 metros, em substituição de uma atleta que, segundo a sua versão, não realizou o número suficiente de controlos ‘antidoping’.
Krystsina Tsimanouskaya disse, numa mensagem vídeo divulgada numa conta nas redes sociais associada à oposição bielorrussa, que foi pressionada por funcionários da equipa e que pediu ajuda ao Comité Olímpico Internacional (COI).
"Fui colocada sob pressão e estão a tentar tirar-me à força do país sem o meu consentimento", denunciou a atleta, no domingo.
Este incidente ocorre num momento em que o regime do Presidente Alexander Lukashenko prossegue uma repressão generalizada aos opositores com o objetivo de terminar em definitivo com o amplo movimento de contestação de 2020 contra a sua reeleição para um quinto mandato.
O Comité Olímpico bielorrusso, que é dirigido por Viktor Lukashenko, filho do Presidente da Bielorrússia, disse, numa declaração, que Tsimanouskaya teve de suspender a sua participação em Tóquio2020 por causa do seu "estado emocional e psicológico", algo que a velocista descreveu como uma mentira.
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