O selecionador nacional de judo Pedro Soares disse, na última quarta-feira, que ter oito judocas em posição de apuramento para os Jogos Olímpicos de Tóquio2020 é “um grande feito” da modalidade, com esperança de ver mais dois atletas na comitiva portuguesa.
“Para já, temos oito apurados, estão garantidos. (…) Levar oito atletas aos Jogos é um grande feito, porque fazem todas as provas, não temos três ou quatro seleções para poder descentralizar”, disse aos jornalistas o técnico nacional, à margem do estágio da seleção, realizado em Coimbra.
Antes de Tóquio2020, competição adiada para este verão devido à pandemia de covid-19, a seleção nacional de judo vai competir, em masculinos e femininos, no Campeonato Mundial da Hungria, entre 06 e 13 de junho, em Budapeste.
As expectativas para esta competição “são sempre otimistas”, dado a “qualidade” da seleção nacional, frisou Pedro Soares, que, no entanto, afirmou existir uma ‘nuance’ neste Mundial, com o grupo nacional de judocas que vai participar a estar dividido “literalmente em dois”.
“Temos o grupo dos mais jovens que não está apurado e não irá participar nos Jogos de Tóquio e tem como grande prova o Campeonato do Mundo. E o outro grupo é o que está apurado para os Jogos, tem feito uma preparação com vista aos Jogos e não ao Campeonato do Mundo e irá realizar o Campeonato do Mundo como prova de preparação, respeitando, naturalmente, a nomenclatura da prova”, explicou.
“Dentro desta dinâmica, em que os Jogos Olímpicos são o mais importante para o grande grupo que vai estar neste Mundial, estando lá dentro queremos ganhar. Não foi para o Campeonato do Mundo que apresentamos o nosso melhor momento de forma, mas vamos respeitar o evento, as expectativas são positivas e esperamos trazer resultados à altura da competição”, observou Pedro Soares.
O técnico nacional, que enquanto atleta, foi o primeiro judoca português a vencer um Campeonato da Europa de Juniores e, já sénior, arrecadou duas medalhas de prata e duas de bronze em Europeus, lembrou que entre o judo português e as superpotências mundiais da modalidade como o Japão, França ou Rússia, “não há igualdade de forças”.
Estes países “têm duas, três seleções [cada]. Podem mandar uma ao Campeonato do Mundo e outra ser resguardada para os Jogos Olímpicos. Nós não podemos fazer isso e também, em alguns dos casos, não teremos interesse, porque não existe mais nenhuma competição de relevo até aos Jogos para que possamos também aferir o momento e o estado dos nossos atletas”, sublinhou.
Para além dos oito em posição de apuramento – Jorge Fonseca e Anri Egutidze em masculinos e Catarina Costa, Rochele Nunes, Telma Monteiro, Bárbara Timo, Patrícia Sampaio e Joana Ramos em femininos – subsiste a hipótese de João Crisóstomo, medalha de bronze nos Europeus de Lisboa, em abril, e Rodrigo Lopes ainda poderem vir a conseguir a qualificação para Tóquio2020, precisamente no Mundial da Hungria, cuja competição individual fecha a 12 de junho.
“São dois excelentes atletas, não era o cenário que esperávamos, guardar para a última competição a possibilidade de poder carimbar o passaporte para os Jogos, mas é essa realidade que está em cima da mesa e é com essa que eles vão ter de lutar. Ambos têm qualidade para conseguir fazer nesta reta final os mínimos”, afirmou Pedro Soares.
Já a selecionadora nacional de judo Ana Hormigo comentou o facto de as mulheres estarem em maioria na posição de apuramento para Tóquio2020: “Apesar do apuramento só fechar mesmo depois do Campeonato do Mundo, temos seis meninas e, neste momento, dois rapazes. Portanto, tudo o que vier… podemos fechar com oito ou até com nove, ou, quem sabe, com mais”, declarou.
Embora para outras seleções o Mundial seja “uma prova de fogo” por ser a última oportunidade de conseguir um lugar nos Jogos Olímpicos, para a seleção nacional será “uma prova de teste” tendo em vista a participação em Tóquio2020, frisou Ana Hormigo.
“E, quem sabe, poderemos ter então mais um elemento a juntar à nossa comitiva”, reafirmou.
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