Fernando Tavares reassumiu-se hoje confiante na eleição para a presidência da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), concorrendo à sucessão de Jorge Vieira juntamente com o também vice-presidente Paulo Bernardo e o agora reintegrado Domingos Castro.

"Estamos confiantes de que os associados saberão escolher o melhor projeto e a melhor equipa. É evidente que os meus adversários pensarão de igual forma, mas nós estamos convictos que o nosso projeto e a nossa equipa são aqueles que garantem melhor o futuro e o desenvolvimento da modalidade. Agora, caberá aos associados decidirem da maneira que acharem mais adequada e no domingo saberemos quem são os próximos dirigentes da FPA", começou por notar, em declarações à agência Lusa.

Fernando Tavares, de 61 anos, propõe “uma maneira diferente de gerir” a FPA, rejeitando a ideia de continuidade ao ‘reinado’ de Vieira, depois de ter sido seu 'vice' no último mandato, vogal nos dois anteriores e de o ter coadjuvado quando este foi Diretor Técnico Nacional.

"Estávamos preparados para o momento eleitoral de dia 12. Foi uma surpresa para nós, já que […] no dia 06 a nossa candidatura tinha promovido uma reunião com as outras candidaturas […]. Fizemos duas [reuniões] e numa dessas esteve o senhor presidente e o senhor secretário da Mesa da Assembleia Eleitoral, a quem foi proposto na altura que revertesse a sua decisão, e depois para nossa surpresa uma semana mais tarde fizeram-no", recordou.

Mesmo assim, o líder da Lista C considera que não ficou prejudicado com este adiamento: "Pensamos que não. Os associados conhecem-nos, fizemos a apresentação da nossa equipa, do nosso projeto, sabem que a nossa equipa é aquela que reúne mais capacidade de executar um programa que foi partilhado com eles e, portanto, a nossa opinião é que é claramente o melhor programa. […] Entendemos que os nossos associados sabem distinguir aquilo que é a verdade daquilo que é a falácia, daquilo que são as promessas eleitorais".

"Nós, como sempre cumprimos tudo, tínhamos todo o trabalho de casa feito. Isto é, fizemos as reuniões que devíamos ter feito com os associados efetivos, as associações regionais de atletismo e com os associados extraordinários. Foi um trabalho extremamente importante, com muitos deles reunimos mais do que uma vez, inclusivamente o nosso programa teve o contributo de várias dessas reuniões efetuadas numa primeira ronda, digamos assim, porque entendemos que a gestão deve ser partilhada com os nossos associados", vincou.

Antes do adiamento, Fernando Tavares tinha recusado, também em entrevista à Lusa, ser um candidato da "continuidade".

"Temos a noção de que estas direções, dos últimos três mandatos, conseguiram com os associados fazer coisas muito importantes. O atletismo está melhor do que quando entrámos. Mas há muita coisa por fazer”, afirmou, propondo “uma maneira diferente de gerir a modalidade, quer em termos de alguns aspetos estruturantes do programa, quer da equipa”, mas, sobretudo, “de liderança”.

“Queremos uma liderança de equipa, coisa que, na minha opinião, não aconteceu como gostaria nos últimos anos desta direção. Nesse sentido, somos muito diferentes. [...] [No programa], apresentamos concretamente propostas, medidas, ações, algumas fruto de contributos dos associados que ouvimos”, reforça.

Entre as propostas mais fortes da candidatura de Fernando Tavares, que esteve nos últimos quatro anos à frente do Alto Rendimento, está uma “mudança radical” de modelo de equipa técnica, atualmente assente num Diretor Técnico Nacional (DTN) e técnicos de vários setores.

“Em vez de termos um diretor técnico nacional, vamos ter seis pessoas a dirigir a área técnica. Dois no alto rendimento, dois na seleção e retenção de talentos e seleções jovens, um no atletismo promocional e desenvolvimento regional, e um num gabinete de performance, estudos e planeamento”, diz.

A mudança visa envolver toda a estrutura, do presidente aos atletas, na “vontade de ser campeões”, notando ainda uma gestão “mais partilhada com os associados”, a tentativa de potenciar o financiamento das associações regionais, a criação de um gabinete de marketing e mudanças metodológicas e no espírito da liderança.

O aumento do número de atletas, que neste momento está perto dos 24 mil, é outro dos desígnios, com iniciativas como a filiação temporária de atletas estrangeiros, a obtenção de mais vantagens para o atleta filiado e a filiação de pessoas ligadas à modalidade em várias funções.

Quanto ao subfinanciamento do setor, que Tavares considera “a questão de fundo do desporto português”, a candidatura pretende “colocar na agenda a redistribuição do dinheiro das apostas desportivas” e, por outro lado, a reivindicação de mais espaço na televisão pública para “modalidades que não o futebol”.

De resto, o vice-presidente da FPA desde 2017 espera que se aproveitem ideias das várias candidaturas para o futuro do atletismo, ganhe ou não o elenco que lidera: “Havendo ideias boas, em qualquer candidatura, a vencedora pode e deve aproveitar as ideias. Quanto às pessoas, depende, pode ou não acontecer”.