Doze anos depois de ter sido campeão em Osaka, Nelson Évora continua entre os melhores do triplo salto e chega aos Mundiais de atletismo de Doha com a imagem de resiliência que tem caracterizado a sua carreira.
Os tempos mudaram, outros campeões apareceram, perdeu o recorde nacional e agora entra no estádio Khalifa como o mais velho na competição (35 anos), e com o prestígio de já ter sido campeão europeu, do mundo e olímpico.
A carreira não está terminada, garante, e se for à final, como espera, garante que "tudo é possível", apesar de uma época que não tem corrido muito bem, até agora.
"Tem sido uma época com alguns problemas, a nível da minha corrida de balanço. Eu e o meu treinador (o cubano Ivan Pedroso) andamos a experimentar sensações novas, formas de abordagem ao salto diferentes, e, por isso, tive alguns problemas ao longo da época de verão, como já tinha tido na final do Europeu de pista coberta", explica.
Isso não lhe reduz a já 'lendária' confiança: “Temos de confiar no trabalho, confiar no processo. Estive este último mês fora das competições, para poder treinar mais descansado algumas questões relacionadas com a própria corrida. Vamos ver se a tradição se mantém, é esse o meu objetivo, estar ao meu mais alto nível nas grandes competições e fazer a melhor participação possível".
Aquele que já foi campeão, vice-campeão e bronze em Mundiais, traça metas "passo a passo", mas sem limites. "Sexta-feira, o grande objetivo é passar à final e, depois, na final, tudo é possível", diz.
Da pista de Doha, que já conhece, não espera os problemas de temperatura de que a maioria fala, mas também reconhece que não é fácil. "As condições são diferentes do ‘meeting’ de doha, que já conheço. A temperatura da pista é a ambiente (mais de 30 graus), aqui estarão 20 e poucos graus, o que é mais dirigido para as corridas longas e mesmo para o público", explica.
"Não posso dizer que estou habituado, mas sei que vai ser uma competição nova para toda a gente que está aqui. Na Liga de Diamante, a competição em Doha é a primeira da época, ainda estamos em fase de carga e é difícil fazer um muito bom resultado aqui", prosseguiu o campeão olímpico de 2008.
Nelson Évora é o único atleta que não tem o seu treinador integrado na seleção portuguesa. Pedroso está com a delegação espanhola, mas, no momento da prova, estará junto ao seu atleta - uma tarefa facilitada, já que Espanha não tem qualquer atleta na qualificação.
Será o sétimo a saltar, na séria B, a partir das 19:25 locais (17:25 de Lisboa), procurando um salto a mais de 17,20, para qualificação direta, ou ser um dos melhores para uma provável repescagem, até 12.
Com 17,13 metros de melhor esta época, é apenas o 19.º melhor entre os inscritos, pelo que é quase certo que terá mesmo de se superar para chegar à sua sexta final em Campeonatos do Mundo.
Comentários