O desporto norte-americano está a passar por um momento histórico, ao colocar-se ao lado das questões raciais que marcam a atualidade do país. Esta quarta-feira, a equipa Milwaukee Bucks boicotou o encontro com os Orlando Magic na NBA, em protesto contra o racismo nos EUA, após a polícia ter alvejado, nas costas o afro-americano Jacob Blake com sete tiros.
Nenhum dos jogadores dos Bucks compareceu em campo para o jogo cinco dos ‘play-offs’, com árbitros e jogadores dos Orlando Magic a recolherem, consequentemente, aos balneários, enquanto o ‘staff' retirava as bolas de basquetebol e outro material do recinto na cidade de Orlando, na Florida.
Esta decisão foi seguida noutros campos, o que levou ao adiamento de todos os jogos da noite na NBA.
Os jogadores e responsáveis pelas equipas da NBA marcaram uma reunião de urgência na 'bolha' de Orlando para discutir os próximos movimentos. Em cima da mesa esteve a hipótese de boicotar o resto dos playoffs e acabar já com a temporada mas apenas as equipas de Los Angeles - LA Lakers e LA Clippers - votaram a favor dessa ideia. As outras franquias votaram a favor da continuação da época da NBA.
LeBron James, uma das principais estrelas do basquetebol mundial, não gostou da atitude do resto das outras equpas e abandonou a reunião.
"Lakers e Clippers votaram no boicote à temporada da NBA. As outras equipas votaram para continuar. LeBron James saiu da reunião", disse o jornalista Shams Charania no Twitter.
De acordo com a imprensa norte-americana, LeBron terá sido dos mais interventivos na reunião onde pediu aos responsáveis pelas franquias que mostrem mais ação na luta contra a discriminação e violência racial no país. A estrela dos LA Lakers já tinha deixado a sua fúria no Twitter ao ver mais um afro-americano morto pela polícia sem razão aparente.
"Que se foda isto! Queremos mudança. Estou farto disto", escreveu, furioso no Twitter.
Desde o regresso da época, após a paragem devido à pandemia de covid-19, em Orlando, jogadores do campeonato têm protestado e exigido justiça após a morte de George Floyd, às mãos de um polícia, em maio, com camisolas do movimento ‘Black Lives Matter' e ajoelhando-se durante o hino nacional, entre outras ações públicas.
A iniciativa dos Bucks foi seguida pela liga de futebol (MLS) com os jogadores a boicotaram cinco jogos na noite de quarta-feira, num protesto coletivo contra a injustiça racial.
Dois outros jogos da principal liga de beisebol (MLB) e do campeonato feminino de basquetebol (WNBA) também ficaram por disputar, o mesmo acontecendo com as três partidas dos 'playoff' da NBA (liga principal de basquetebol), após o boicote dos Milwaukee Bucks.
Já a tenista japonesa Noami Osaka, que deveria jogar hoje a semifinal do torneio WTA em Cincinnati, abandonou o torneio em protesto, associando-se à ação de atletas profissionais de basquetebol, beisebol e futebol que exigem mudanças após o afro-americano Jacob Blake ter sido baleado pela polícia.
Blake foi gravemente ferido no domingo em Kenosha, no Wisconsin, onde também duas pessoas morreram na noite de terça-feira num eventual ataque feito por um homem branco, que foi filmado por um telemóvel a abrir fogo no meio da uma estrada com uma espingarda semiautomática.
O evento ocorreu quando centenas de pessoas expressaram a sua raiva, pela terceira noite consecutiva, depois de um vídeo ter mostrado o episódio em que Blake foi repetidamente alvejado por um polícia branco.
O agente disparou várias vezes nas costas do afro-americano, de 29 anos, quando este abria a porta de um veículo, onde estavam os seus três filhos menores, o que foi gravado por câmaras de telemóvel de testemunhas. A vítima permanece internada no Hospital Froedtert, em Milwaukee.
O incidente com Blake ocorreu dias depois de protestos muito participados associados à morte de outro afro-americano, George Floyd, sufocado por um polícia branco em Minneapolis (Minnesota) a 25 de maio.
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