A Federação Portuguesa de Boxe (FPB) vai procurar filiar-se na World Boxing, nomeada provisoriamente pelo Comité Olímpico Internacional (COI) como entidade que regula a competição, mediante autorização da Associação Internacional de Boxe (IBA), disse hoje à Lusa o presidente.

“Na prática, o que aqui existe é um grande compromisso da modalidade com o movimento olímpico. Isso é muito claro e patente. Não obstante todas estas guerras, no último congresso mundial que a IBA fez no Dubai, no final do ano passado, foi votada uma resolução que permite que as federações possam, mediante autorização da IBA, estar filiadas em mais do que uma federação, coisa que estava vedada até agora”, explica à Lusa César Teixeira.

O líder federativo da modalidade em Portugal afirma que o compromisso da FPB, atualmente filiada na IBA, “é com o olimpismo”, e esta “estará onde está a qualificação olímpica”.

Em 26 de fevereiro, o COI conferiu à World Boxing, recém-criada, o reconhecimento provisório de gestão do boxe olímpico, abrindo a porta a encontrar caminho para a inclusão da modalidade no programa de Los Angeles2028, como é intenção do COI, que abriu a porta à sua saída face ao afastamento, desde 2019, da IBA.

Com esta decisão, a World Boxing deve assumir a organização do boxe olímpico a caminho de Los Angeles2028, retomando a normalidade numa das modalidades mais clássicas dos Jogos Olímpicos, como sucessor do ‘pankration’.

Segundo César Teixeira, a IBA é “um parceiro estruturante e institucional da federação”, e ao permitir a dupla filiação veio “reconhecer que, havendo a necessidade de o projeto olímpico das federações continuar, não fique suspenso financiamento público”.

Teixeira deixa críticas à forma como a World Boxing, contra quem diz nada ter, foi criada por uma necessidade “artificial de um parceiro, aos olhos do COI, que seja mais fiável e credível”, lembrando que a maior parte das pessoas em cargos dirigentes “são as mesmas” que já vinham da IBA.

“O processo é gerido com alguma irresponsabilidade, porque, na primeira listagem de modalidades olímpicas, o boxe não consta. No processo eleitoral para o Comité Olímpico de Portugal (COP) passámos de quatro votos para um voto, o que decorre dos estatutos do COP. (...) A pergunta que deixo é: agora que há reconhecimento provisório, na prática o que é que quer dizer? Já foi atualizada a lista das modalidades que estão nos Jogos?”, aponta.

De resto, César Teixeira afirma que a FPB vai “instar o COP e o COI” para obter esclarecimentos, visto que três votos “podem fazer a diferença numa eleição disputada” para presidir ao organismo, entre Laurentino Dias e Fernando Gomes.

A FPB já conversou, entretanto, com a direção da World Boxing, fazendo “caminho muito semelhante e concertado com a federação espanhola”, seguindo no movimento olímpico.

O COI tomou conta da qualificação e organização do torneio de boxe nos Jogos Olímpicos Tóquio2020 e Paris2024, pretendendo pôr fim à polémica com uma federação internacional, a IBA, afastada desde 2019 por problemas de gestão, corrupção e má governança.

A juntar a estes fatores, ainda as polémicas com as pugilistas Imane Khelif e Lin Yu-ting, campeãs olímpicas no verão passado, mas banidas de competirem em Mundiais pelos seus níveis de testosterona.