A World Boxing, organização desportiva internacional que regulamenta o boxe amador, pediu desculpa à Federação de Boxe da Argélia, esta quarta-feira, reconhecendo que foi incorreto mencionar a pugilista Imane Khelif num comunicado em que anunciava a introdução de testes obrigatórios de género para determinar a elegibilidade de atletas masculinos e femininos nas suas competições.

A federação internacional introduziu a nova política após a polémica gerada em torno de várias atletas, incluindo Khelif, medalha de ouro nos 66kg femininos, nos Jogos Olímpicos de Paris do ano passado.

A World Boxing, entidade agora reconhecida provisoriamente pelo Comité Olímpico Internacional (COI) para organizar o torneio de boxe nos Jogos de Los Angeles 2028, informou inicialmente a Federação Argelina que Khelif teria de realizar o teste para poder competir na Eindhoven Box Cup, que decorre nos Países Baixos de 5 a 10 de junho.

Contudo, a organização recuou na decisão de nomear publicamente a atleta no comunicado.

"O presidente da World Boxing considera que não foi correto nomear uma atleta específica no comunicado emitido na passada sexta-feira", referiu o organismo.

A federação acrescentou que já foi enviado um pedido de desculpas formal e pessoal ao presidente da Federação Argelina de Boxe, reconhecendo que deveria ter havido maior cuidado em evitar associar a política a casos individuais.

Segundo as novas regras, todos os atletas com mais de 18 anos que queiram competir em provas organizadas ou sob regulamento pela World Boxing terão de realizar um teste genético PCR (reação em cadeia da polimerase) para determinar o sexo biológico à nascença e a respetiva elegibilidade para competir.

Este teste laboratorial deteta a presença do gene SRY, localizado no cromossoma Y, que indica o sexo biológico masculino. Pode ser feito através de zaragatoa nasal ou bucal, ou ainda por amostras de saliva ou sangue.

As federações nacionais serão responsáveis pelos testes e terão de apresentar a certificação do sexo cromossómico dos seus atletas no momento da inscrição nas competições da World Boxing.

A polémica em torno de Khelif e da atleta Lin Yu-ting, de Taiwan reacendeu o debate global sobre a elegibilidade de género no desporto, com figuras públicas como Donald Trump e Elon Musk a pronunciarem-se sobre o tema.

Ambas as atletas foram desclassificadas do Campeonato do Mundo da Associação Internacional de Boxe (IBA) em 2023, após alegadamente não cumprirem os critérios de elegibilidade de género definidos pelo organismo, que atualmente está em rota de colisão com o COI por questões financeiras, de governação e ética. A IBA é liderada pelo russo Umar Kremlev, figura próxima do Kremlin.

No mês passado, o COI concedeu reconhecimento provisório à World Boxing como novo organismo responsável pelo boxe olímpico.