A 13ª etapa da Volta a Espanha traz consigo aquela que é considerada como a etapa 'rainha' da prova, com a chegada ao mítico Alto do Angliru.

Após quase 200 quilómetros de tirada, que arranca em Cabezón de la Sal, e duas subidas de primeira categoria, o pelotão tem pela frente quase 13 quilómetros de uma subida infernal, e que parece não ter fim, rumo ao alto.

Pelo meio, uma pendente média de 9,7%, mas com rampas que ultrapassam os 20%, e que prometem fazer a seleção dos mais fortes.

Apesar de ser relativamente recente na Vuelta, a subida ao Angliru já ganhou o seu espaço na 'mitologia', não só da prova, como do ciclismo mundial.

Não é por acaso que, no início da subida, somos deparados com um cartaz que diz: "Bem-vindo ao Angliru, o Olimpo do Ciclismo"

Início da subida ao Angliru
Início da subida ao Angliru

Origem e vencedores

Reza a história que em 1996 Miguel Prieto, que na altura fazia parte da equipa de ciclismo Once, terá visitado o Alto do Angliru e contactado de imediato a organização da Volta a Espanha, por forma a poder introduzir esta subida na corrida.

Na altura, a organização da Vuelta procurava uma etapa de dureza máxima que pudesse rivalizar com as já míticas subidas ao Alpe D´Huez ou Mont Ventoux na Volta a França, acabando por encontrar aqui a sua resposta.

Assim, e depois de obras de restauro do pavimento, o Alto do Angliru teve a sua estreia na Vuelta em 1999, numa etapa ganha pelo espanhol José Maria Jiménez;  Até hoje foram nove as edições que contaram com esta infernal subida, sendo que Alberto Contador foi, até ao momento, o único ciclista capaz de vencer por mais que uma ocasião, em 2008 e 2017.

FOTOS: Os vencedores do Angliru

A subida

Feliz ou infelizmente, dependendo do tipo de ciclista, a subida do Angliru não é constante, colocando mesmo uma zona mais plana e com uma ligeira descida sensivelmente a meio.

Os primeiros cinco quilómetros apresentam já uma dureza considerável (média de 7,5%), mas ainda capaz de manter os principais trepadores na frente.

Subida do Angliru
Subida do Angliru créditos: climbfinder.com

Segue-se um quilómetro de terreno plano, que serve apenas para que os corredores ganhem balanço para os dantescos sete quilómetros finais.

Daí em diante a pendente nunca baixa dos 11%, chegando mesmo a incríveis 23,5%, zona conhecida como 'Cueña les Cabres', onde os ciclistas quase não saem do mesmo sítio.

Após uma quase interminável subida, os ciclistas encontram um último quilómetro em ligeira descida até à meta, uma breve recompensa depois de tão hercúleo esforço.

A subida ao Angliru não é, de modo algum, a última grande dificuldade que o pelotão da Vuelta irá encontrar até chegar a Madrid. Contudo, é uma subida onde se pode ganhar e principalmente perder muito tempo; a etapa poderá não ser decisiva, mas certamente irá reformular por completo a corrida e a lista dos principais candidatos à vitória final.