Três meses depois de fraturar a bacia numa queda na Volta à Romandia e de ouvir dos médicos que seria impossível estar no Tour, o talentoso trepador da Sunweb deu a maior alegria aos franceses, que não viam um corredor nacional ganhar a etapa do dia da Bastilha desde David Moncoutié, há 12 anos.
Depois das lágrimas derramadas no domingo, quando o ‘photo finish’ lhe negou a vitória na nona etapa, Barguil abriu hoje um sorriso imenso ao cruzar a meta em Foix à frente do colombiano Nairo Quintana (Movistar) e do seu ídolo, o espanhol Alberto Contador (Trek-Segafredo), para tornar-se no primeiro francês desde Richard Virenque, em 1997, a vencer em dia de feriado nacional e com a camisola às bolinhas vermelhas no corpo.
“Nunca tive tanto prazer na bicicleta, a atacar como fazia quando era amador. Conseguir uma vitória à frente do Contador, que é o meu ídolo, é incrível. Além do mais, é extraordinário haver um francês que ganha a 14 de julho”, 'disparou' Barguil, que cumpriu a curta e intensa 13.ª etapa em 2:36.29 horas, sendo 1.48 minutos mais rápido do que o grupo no qual chegaram o camisola amarela Fabio Aru (Astana) e o ex-camisola amarela Chris Froome (Sky).
E foi precisamente o ídolo de Barguil a provocar a grande agitação da tirada de hoje. Eram apenas 101 os quilómetros entre Saint-Girons e Foix, mas estes foram dos mais emocionantes até ao momento na 104.ª Volta a França: as três contagens de primeira categoria espalhadas pelo percurso proporcionaram uma jornada louca, com constantes alterações na frente de corrida, ataques dos grandes do pelotão e uma estratégia ousada da Sky.
Na frente, depois de várias escaramuças infrutíferas, ficaram o vencedor do Tour em 2007 e 2009 e o ‘traidor’ Mikel Landa (Sky), lançado na frente para obrigar a uma reação (inexistente) da Astana, com o duo espanhol a ser perseguido pelo camisola da montanha, Quintana, e por Michal Kwiatkowski, o incansável escudeiro de Froome.
Na subida ao col d'Agnes, Contador e Landa ganharam mais de dois minutos de vantagem sobre o grupo do camisola amarela, uma diferença que caiu abruptamente na descida, graças à iniciativa de Romain Bardet, exímio a descer.
Embora a escalada ao Mur de Péguère tenha proporcionado novos ataques, com Froome a testar as pernas dos adversários, com a ajuda de Kwiatkowski, que estrategicamente descaiu do grupo da frente, agora reunido, foi a descida posterior a demonstrar que o britânico não está conformado com o estatuto de segundo da geral.
Enquanto lá a frente Landa, na companhia de Contador, Quintana e Barguil, fazia perigar a camisola amarela de Aru, lá atrás Froome e Bardet aceleravam, sem sucesso, para tentar descolar o campeão italiano – e o britânico vingava-se assim da traição da véspera, hipotecando a ténue possibilidade de o seu colega espanhol assumir a liderança.
Com o triunfo da etapa entregue ao quarteto da frente – o colombiano da Movistar e o espanhol da Trek-Segafredo chegaram com o mesmo tempo do vencedor e Landa, quarto, perdeu dois segundos - foi o combativo Daniel Martin (Quick Step-Floors) a destacar-se, levando na roda o camisola da juventude Simon Yates (Orica-Scott), que tinha deslocado na última subida.
O duo britânico-irlandês cortou a meta a 1.39 minutos de Barguil, com o grupo de Aru, Froome, Bardet e companhia a gastar mais nove segundos. O trio da frente da geral continua ligado umbilicalmente, com a vantagem do italiano da Astana sobre o tricampeão do Tour a manter-se nos seis segundos e sobre o terceiro classificado a ficar nos 25.
A grande subida na geral pertenceu a Landa, que agora é quinto, a 1.09 minutos do camisola amarela. No sentido inverso, Tiago Machado (Katusha Alpecin) desceu à 65.ª posição, ao chegar a 15.41 do vencedor.
O português vai partir para a 14.ª etapa, uma ligação de 181,5 quilómetros praticamente plana entre Blagnac e Rodez, com 1:25.14 horas de desvantagem para Aru.
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