Gerben Thijssen juntou-se hoje ao palmarés de vencedores em Lagos, impondo-se ao sprint para vestir a camisola amarela inaugural da 50.ª Volta ao Algarve em bicicleta, após uns acidentados derradeiros quilómetros da primeira etapa.

Não era a aposta mais óbvia, mas o belga da Intermarché-Wanty comprovou ser um dos sprinters em melhor forma no arranque da temporada, batendo confortavelmente o neerlandês Marijn van den Berg (EF Education-EasyPost) e o compatriota Jordi Meeus (BORA-hansgrohe), respetivamente segundo e terceiro, para festejar a segunda vitória em 2024 e a nona da carreira.

“Já é a minha segunda vitória da época, e este é um nível bastante elevado, por isso é bom provar à equipa que eu mereço a confiança que depositam em mim. Eles trabalharam muito para mim hoje, é bom retribuir com o triunfo”, assumiu o também vencedor do Trofeo Palma, de 25 anos.

Thijssen escapou incólume ao piso “bastante escorregadio”, provocado pela inesperada chuva que apareceu na parte final da tirada e que levou o pelotão a rolar tranquilamente até à entrada dos três quilómetros finais, onde as diferenças não são contabilizadas em caso de queda – o que viria mesmo a acontecer, levando as grandes figuras desta ‘Algarvia’ a cortarem a meta num segundo grupo, ao qual foram creditadas as mesmas 4:52.04 horas do vencedor.

Assim, à exceção do alemão Maximilian Schachmann (BORA-hansgrohe), vice-campeão em 2020, que perdeu quase quatro minutos, os favoritos à geral estão a 10 segundos do belga da Intermarché-Wanty, que, devido às bonificações distribuídas na meta, tem Marijn van den Berg a quatro segundos, na segunda posição.

O terceiro classificado é o austríaco Tobias Bayer (Alpecin-Deceuninck), um dos fugitivos da jornada, que bonificou na única meta volante do dia, e, nas contas feitas ‘a posteriori’, destronou Jordi Meeus do pódio, estando também a quatro segundos do camisola amarela.

A ventosa e cinzenta jornada que consagrou Gerben Thijssen teve, inicialmente, outros protagonistas, com sete aventureiros, quase exclusivamente de equipas nacionais, a saltarem do pelotão logo ao quilómetro 11, para rapidamente construírem uma vantagem que nunca passou dos quatro minutos.

Eram eles César Fonte (Rádio Popular-Paredes-Boavista), Diogo Narciso (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar), Fábio Costa (ABTF-Feirense), Gonçalo Amado (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), Noah Campos (Kelly-Simoldes-UDO) e Tomas Contte (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho), com Tobias Bayer (Alpecin-Deceuninck) a ser o único ‘intruso’ no protagonismo momentâneo das formações portuguesas.

Os sete foram sendo perseguidos, a uma distância de segurança, pela Arkéa-B&B Hotels, de Arnaud Démare, e pela Intermarché-Wanty, apostadas em levar os seus sprinters ao triunfo em Lagos, com a diferença a ser reduzida paulatinamente na aproximação à meta.

Problemas mecânicos do promissor mexicano Isaac Del Toro (UAE Emirates) e do colombiano Sergio Higuita (BORA-hansgrohe) foram os únicos percalços registados antes de Tobias Bayer ficar isolado na frente da corrida, a 50 quilómetros da chegada.

O austríaco da Alpecin-Deceuninck ‘libertou-se’ dos seus companheiros de escapada e, a solo, até voltou a aumentar a vantagem para o pelotão, que pareceu fazer um compasso de espera para evitar anular demasiado cedo a fuga.

Ainda Bayer não tinha sido apanhado quando, à entrada dos derradeiros 30 quilómetros, num estreitamento de estrada, à entrada para uma ponte, Wout van Aert caiu - o belga da Visma-Lease a Bike levantou-se de seguida, no meio de uma série de acidentados, maioritariamente de equipas portuguesas.

O fim de fuga aconteceu oito quilómetros mais à frente, com o pelotão a rolar com precauções redobradas, pela perigosidade daquele troço do percurso, nas estradas demasiado estreitas que antecederam a entrada na zona urbana de Lagos.

Já dentro dos dois quilómetros finais, uma queda ‘despedaçou’ o pelotão e deixou os sprinters sozinhos na frente, com Thijssen a levar a melhor, numa luta em que Démare foi apenas quinto, à frente do português Rui Oliveira (UAE Emirates), e em que Luís Mendonça foi o melhor das equipas nacionais, no nono lugar.

Apesar de ser “incrível” estar de amarelo, o primeiro líder da 50.ª Volta ao Algarve sabe que na quinta-feira só pode aspirar a “desfrutar” da sua camisola, nos 171,9 quilómetros entre Lagoa e a Fóia, a contagem de montanha de primeira categoria instalada no alto de Monchique que irá fazer a primeira seleção entre os candidatos à vitória final.