O diretor da Agência Antidopagem dos Estados Unidos desafiou hoje os senadores franceses a afastar a União Ciclista Internacional (UCI) do controlo antidoping na Volta a França, para tornar mais eficaz o combate ao uso de substâncias proibidas.
«Se encontrarem os meios para que a UCI não faça os controlos no Tour de France, vão em frente», apelou Travis Tygart perante a comissão de inquérito sobre a eficácia do luta contra o doping criada pelo Senado francês.
Travis Tygart fez duras críticas à UCI, designadamente à gestão do caso de Lance Armstrong, o texano que se viu envolvido em vários casos de doping depois de ter vencido sete vezes o Tour, entre 1999 e 2005.
Instado a revelar se dispunha de provas de uma eventual proteção da UCI relativamente a Armstrong, o responsável da agência respondeu: «Existe um lote de elementos que suscita interrogações».
O chefe da USADA lembrou a amostragem duvidosa encontrada em 2001 na Volta à Suíça, outra no Dauphiné, em 2002, bem como controlos positivos no Tour em 1999, justificados depois de uma autorização para o uso terapêutico.
«Eles sabiam que Armstrong trabalhou com Dr. Ferrari, que tinha fornecido EPO a atletas em Itália, mesmo que tenha existido vício processual. Eles poderiam ter verificado as relações. Eles aceitaram pagamentos em dinheiro por parte de Armstrong, eles não deram sequência a nenhum desses factos», declarou.
Travis Tygart acusou mesmo a UCI de «fazer tudo para colocar obstáculos no caminho da agência norte-americana antidopagem».
«Eles recusaram-se a transmitir-nos os resultados de testes e, além disso, continuam a recusar fornecer-nos os resultados de três companheiros da equipa de Armstrong», adiantou, sem entrar em pormenores.
Convidado a colocar questões ao atual presidente da UCI, Pat McQuaid, que deverá ser ouvido em breve pela comissão de inquérito, Travis Tygart optou por recorrer ao humor.
«Será que pode criar um procedimento legal que me permita estar lá? Eu teria muitas perguntas a fazer-lhe», afirmou com um sorriso, concluindo de seguida com um ar sério: «Nós pensamos que os líderes deste desporto falharam na luta contra o doping. Depois de seis meses, e da ‘queda’ de Armstrong, eles continuam sem fazer nada».
O Código Mundial Antidoping prevê que os controlos das grandes competições, como o Tour, são da responsabilidade da respetiva federação internacional.
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