O selecionador José Poeira acredita que João Almeida poderá vencer uma grande Volta no futuro, notando a progressão do ciclista português da UAE Emirates, um verdadeiro voltista que hoje acabou o Giro no terceiro lugar final.
“É especial. Nós somos um país periférico, temos um país pequeno, não temos muitos corredores, mas, em cada geração, há sempre um corredor que se destaca - um ou dois ou três. Não temos muitos, mas temos sempre corredores que se destacam e que têm um valor muito elevado. Aconteceu com o Sérgio Paulinho, depois mais tarde o Rui Costa, o Nelson Oliveira e outros mais, e sempre tivemos corredores com muito talento. E, agora, o João faz parte da geração nova, ainda só tem 24 anos, e já está a fazer pódios”, salientou.
José Poeira lembrou que o português, que ontem terminou o Giro na terceira posição, “ficou em quase todas as corridas [em que participou], inclusive grandes Voltas, nos 10 primeiros”, tendo ainda “uma margem de progressão muito grande”, porque é “novo”.
“Nós começamos a trabalhar com eles pequeninos, em miúdos, em cadetes, juniores por aí fora, e trazemo-los a estas provas, como agora estes miúdos vieram a esta e, depois, seguem o caminho deles, e nós ficamos satisfeitos, e o país também, porque realmente termos um corredor a fazer um pódio numa das grandes Voltas, uma Volta à Itália... Um dia poderá fazer primeiro”, defendeu o selecionador, em declarações à Lusa desde Arlamów, na Polónia, onde António Morgado venceu hoje a quinta e última etapa do Grande Prémio das Nações.
Poeira mostra-se veemente na convicção de que Almeida “um dia há de lá chegar ao primeiro lugar”, embora seja preciso “esperar também um bocadinho, porque ele está a fazer as coisas numa idade que pouca gente consegue fazer”.
“Ele só tem 24 anos, e tem margem de progressão, mas ele não desiste e acredita. Só que está lá ele e os outros, e estamos a falar de corredores com mais experiência e com muito valor. E ele eliminou alguns, para fazer pódio, […] só dois ficaram à frente dele, tudo o resto ficou para trás. Ou por um motivo ou por outro, ficaram para trás. E, então, tem que se dar este valor, porque ele, mais um ano, ou dois ou três, e pode estar a discutir outras grandes Voltas, e aquela também”, estimou.
O corredor de A-dos-Francos ficou atrás de Primoz Roglic (Jumbo-Visma), o esloveno que conquistou o Giro e uniu-o aos três triunfos na Vuelta (2019-2021), e do britânico Geraint Thomas (INEOS), o campeão do Tour2018, ‘vice’ de 2019 e terceiro da última edição da prova francesa, que foi ‘destronado’ apenas no contrarrelógio da 20.ª e penúltima etapa.
“São grandes ciclistas, com muita experiência. E ele conseguiu fazer este lugar, que é uma honra, é um lugar de destaque, fazer pódio numa grande Volta, porque uma grande Volta não é uma corrida de uma semana, não é uma corrida de um dia. São três semanas, e estar bem na última semana, aí é que se vê quem é voltista. Há muitos que andam bem num dia, ou numa semana, ou até em 10 dias, mas só os grandes voltistas é que andam bem na última semana”, vincou.
Ao conquistar o inédito pódio para Portugal na Volta a Itália, Almeida juntou-se a Joaquim Agostinho na galeria dos ciclistas portugueses a concluírem uma ‘grande’ nos três primeiros lugares – foi segundo na Vuelta1974 e terceiro nas edições de 2018 e 2019 da Volta a França.
“O Agostinho foi o Agostinho, fez segundo na Volta à Espanha, fez dois pódios na Volta à França, mais outros lugares nos 10 primeiros. Depois, temos aqui este jovem com talento, que consegue estes feitos”, distinguiu, elogiando a capacidade de ir à luta do novo ‘herói’ do ciclismo nacional.
Comentários