O português João Cabreira justificou hoje a decisão de abandonar o ciclismo com o facto de não conseguir conciliar a carreira de ciclista com a de gestor da empresa BikeTreino, assumindo que falhou com a equipa OFM/Valongo/Goldentimes.
«Chega um momento em que temos de ponderar o que temos e não temos e tomar uma decisão. Tenho o projeto da Biketreino [empresa que tem programas de preparação de ciclistas] e é difícil conciliar tudo», disse à agência Lusa João Cabreira.
O vencedor da Volta ao Algarve de 2006 sabia que teria de abandonar o ciclismo «mais ano, menos ano», porque «um ciclista não pode correr para sempre», e escolheu uma altura em que a modalidade vive «momentos de grande irregularidade».
Apresentado como chefe de fila da OFM/Valongo/Goldentimes a 29 de novembro do ano passado, o poveiro mudou de ideias por «uma questão simples»:
«Pensava que tinha reunido as pessoas para conseguir sustentar o projeto sem a minha presença, mas percebi que não era assim.»
Por isso, João Cabreira entendeu que para fazer um ano como o que fez na temporada passada, em que os resultados ficaram aquém do esperado, mais valia parar.
Na equipa de Valongo, que este ano subiu ao escalão profissional, receberam a notícia com surpresa.
«O José [Barros] tinha pensado a equipa comigo como líder. Tenho perfeita noção de que falhei com ele. Podia ter corrido mais um ano e receber o meu ordenado todos os meses, independentemente dos meus resultados, mas essa não é nem nunca foi a minha filosofia», disse.
Aos 30 anos, Cabreira, que desde que se tornou profissional representou o Carvalhelhos-Boavista (2005), a Maia Milaneza-LA MSS (2006-2008), o Loulé-Louletano (2009-2010) e o Onda-Boavista (2011-2012), admite que vai ter saudades da competição e dos amigos que tem no pelotão.
«Não me vou afastar do ciclismo. Não saio chateado ou desiludido com a modalidade. Fiz o meu percurso, marquei o meu nome», apontou o campeão português de estrada de 2011, que cumpriu dois anos de suspensão «pela prática de viciação de amostra do controlo de dopagem».
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