Mais de 7.000 quilómetros a pedalar e dois meses depois, o militar na reserva Jorge Cristóvão chegou a Baku para entregar a bandeira de Portugal à primeira-dama do Azerbaijão, a dois dias da abertura dos I Jogos Europeus.
"Gostava de transmitir [aos nossos atletas] que o esforço, dedicação, empenho e coragem compensam sempre. Há que se dedicar. E ter orgulho de ser português a representar o país. O orgulho e maneira de estar a representar Portugal transcende tudo e dá-nos ânimo para conseguirmos ultrapassar todas as barreiras", vincou, após cumprir a missão.
Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Turquia, Geórgia e Azerbaijão materializaram um roteiro que principiou na Torre de Belém, em Lisboa, e terminou na baixa de Baku, nas margens do Mar Cáspio, uma ideia que mereceu a aprovação e apoio do Comité Olímpico de Portugal.
"Foi mais fácil do que pensava, não tive tantas complicações, dificuldades como o GPS dar-me caminhos errados. Foi tudo tão certinho... saiu tudo muito bem. Nestes oito países cumpri 7.058 ou 7.060 quilómetros", especificou.
O ciclista de 53 anos revela que perdeu sete quilos durante a aventura, mas que desde que chegou ao Azerbaijão já recuperou dois, com tendência a aumentar: "Tenho sido muito bem tratado desde que cá cheguei. Parecemos uns reis".
A maior dificuldade da longa jornada surgiu logo ao sexto dia, com problemas num joelho que esteve inchado três semanas: "Sem querer, bati num cadeirão e estava a ver que ia tudo ao ar. Não conseguia pedalar, fazer força. Nesse dia tive de fazer 162 quilómetros. O joelho parecia uma bola de futebol e tive de ir ao médico".
A "maior recompensa foi encontrar mulher e dois filhos no fim da jornada", até porque confessa não estar à espera da surpresa, depois de quase dois meses a pedalar uma média de 122 quilómetros diários.
"Esta viagem ensinou-me a moderar um pouco mais. A ter mais compreensão com as outras pessoas. É diferente. Temos sentimentos diferentes longe do nosso círculo de segurança", confessou.
José Garcia, chefe de Missão de Portugal aos Jogos Europeus de Baku, que se fez acompanhar no ato de cinco dos 100 atletas da comitiva, elogiou a façanha do ciclista português, considerando-o uma "inspiração e motivação" para os desportistas.
O feito de Jorge Cristóvão mereceu o reconhecimento e presença de altas figuras dos I Jogos Europeus, na sua chegada simbólica.
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