Vincenzo Nibali deu hoje sinais de debilidade ao perder dez segundos para os seus principais adversários na Volta a França em bicicleta, no Mûr-de-Bretagne, que proporcionou o maior feito da carreira a Alexis Vuillermoz (AG2R)
O brilhantismo do ataque perfeito do francês, especialista de BTT, e da sua primeira vitória (e a primeira da França) no Tour quase fez com que o desfalecimento do vencedor do Tour2014 e o colapso da Astana – o italiano ficou sozinho no quilómetro final - passasse despercebido.
Mais do que os dez segundos perdidos hoje para Chris Froome (Sky), o camisola amarela, Alberto Contador (Tinkoff-Saxo) e Nairo Quintana (Movistar), Nibali tem a lamentar a revelação das suas debilidades, percetíveis, mas não confirmadas, nas jornadas anteriores.
“Foi um dia mau, completamente inesperado, porque no início da etapa e antes da subida sentia-me bem. Quando aceleraram, não consegui responder”, lamentou.
O Mûr-de-Bretagne aparecia, imprevisível, no final dos 181,5 quilómetros da oitava etapa, com início em Rennes. Por isso, até aí, até ao início da subida até ao alto de terceira categoria, os homens da geral entregaram a outros o protagonismo.
Difícil é enumerar todas as fugas, desde a formada ao quilómetro seis por Bartosz Huzarski (Bora-Argon 18), Sylvain Chavanel (IAM Cycling), Romain Sicard (Europcar) ePierre-Luc Périchon (Bretagne-Séché Environnement), até à resultante da fusão entre o quarteto e 17 ciclistas mais, entre os quais nomes sonantes como Lars Boom (Astana), Peter Sagan (Tinkoff-Saxo), Thomas de Gendt e André Greipel (Lotto Soudal), John Degenkolb (Giant-Alpecin), ou Michal Kwiatkowski e Mark Cavendish (Etixx-Quickstep).
Com 63 quilómetros ainda por cumprir, o grupo desmembrou-se e ficaram na frente Lars Bak (Lotto Soudal), Michal Golas (Etixx-Quickstep) e Huzarski, que, após perseguição frenética da Cannondale-Garmin, primeiro, e da BMC e Tinkoff-Saxo, depois, foram apanhados a oito quilómetros da meta.
À entrada da subida, o negro da Sky apareceu na frente na máxima força, com Richie Porte e Geraint Thomas a acelerarem para fracionar o pelotão e José Mendes (Bora-Argon 18) a lançar o primeiro ataque digno desse nome rumo ao Mûr-de-Bretagne. Apanhado prontamente pelos sucessivos arranques na frente da corrida, o ciclista português observou à distância a saída de Alexis Vuillermoz que, calculando o momento mais oportuno, destroçou as esperanças de Dan Martin e cortou a meta isolado, com o tempo de 04:20.55 horas.
“É o género de chegada que gosto, própria de um trepador-‘puncheur’ [ciclista que gosta de finais explosivos, em altura]. Tentei sair uma primeira vez, mas estava marcado. Quando o pelotão se aproximou, aproveitei para respirar e parti outra vez. Há três anos nunca pensaria em ganhar uma etapa do Tour”, confessou após bater Martin.
O irlandês, que tinha confessado, à partida, o seu desejo de vencer a oitava etapa, não correspondeu ao trabalho da Cannondale-Garmin, sendo segundo, a cinco segundos, depois de não ter pernas para alcançar o francês da AG2R. Terceiro, à frente do pelotão de favoritos, Alejandro Valverde (Movistar) impediu Peter Sagan (Tinkoff-Saxo) de conquistar mais uns segundos para diminuir a diferença para Froome – é segundo, a 11 segundos -, mas não a camisola verde.
Além de Nibali, que cortou a linha a 20 segundos do primeiro e tem agora uma diferença de 01.48 minutos para o britânico da Sky na geral, também os portugueses chegaram depois dos favoritos: Rui Costa (Lampre-Merida) perdeu 45 segundos, Tiago Machado (Katusha) 59, Mendes 01.40 minutos e Nelson Oliveira (Lampre-Merida) 09.09.
No domingo, dia que antecede a primeira pausa na 102.ª Volta a França, os favoritos vão viver novo teste de fogo, no contrarrelógio por equipas de 28 quilómetros da nona etapa, que vai ligar Vannes a Plumelec.
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