Rui Sousa tem contra si a idade e o traçado desenhado para outro tipo de ciclistas, mas não é por isso que a Rádio Popular-Boavista se exclui da corrida pelo pódio da 77.ª Volta a Portugal.
"Se o ano passado fizemos segundo, pensamos estar na corrida como no ano passado. O ano passado fomos segundos e o percurso é igual... aliás, há já 10 anos que os percursos são iguais", começou por dizer à Agência Lusa o sempre incisivo José Santos, antes de indicar que, pelo seu passado e por ter sido a aposta da equipa desde o início da época, Rui Sousa será o chefe de fila.
Como diretor desportivo mais antigo do pelotão nacional, o professor sabe que os 39 anos do ciclista de Barroselas têm um peso importante, que o vice da última edição tenta contrariar com a sabedoria da experiência, uma capacidade de sofrimento superior e um otimismo contagiante, três características que o fazem ser uma presença segura no lote de favoritos, este ano mais alargado.
"Não vou nomear candidatos, mas sim equipas. Da nossa parte, temos o Rui e mais um conjunto de ciclistas que fizeram uma boa época e que podem estar na discussão da corrida, se isso se proporcionar. Todas as equipas podem ganhar. Qualquer equipa pode ganhar a Volta a Portugal este ano. É bom, por um lado, e mau para todos", analisou.
Para José Santos, o plantel da Efapel é o mais forte, mas é a W52-Quinta da Lixa a principal favorita, por ter nas suas fileiras o vencedor do ano passado, Gustavo Veloso, e por ser a equipa a quem "o percurso melhor convém".
"Quarenta quilómetros em contrarrelógios é muito para uma prova destas. Favorece muito essas equipas [Efapel e W52] e os seus ciclistas. Se reparar, a Volta a Portugal, tirando a do [Vladimir] Efimkin [em 2005], foi sempre ganha por indivíduos que fizeram bons contrarrelógios. E o Efimkin também ganhou porque foi uma fuga. Se for fazer a retrospetiva, todas as Voltas foram ganhas no contrarrelógio, o que quer dizer que não há percurso alternativo para o tempo que se perde no contrarrelógio", destacou.
O diretor desportivo da Rádio Popular-Boavista não quer que deixe de haver contrarrelógios longos, apenas que haja alternância, como acontece na Volta a França, que, este ano, apesar das suas 21 etapas, teve quase o mesmo número de quilómetros contra o cronómetro que a prova portuguesa.
"Não digo que joga contra [o Rui]. Joga a favor sempre de um tipo de ciclistas", completou, considerando que a etapa da Serra da Estrela deste ano, apesar de a Torre ser escalada pela vertente mais dura (Covilhã), não é muito dura.
Com as baterias apontadas para a luta pela geral, José Santos não quer pensar na revalidação do título de melhor jovem de David Rodrigues, que, em 2014, se tornou no primeiro português desde Tiago Machado a vencer a juventude.
"O ano passado podíamos ter ganho a juventude se tivéssemos apostado nisso. Este ano, a juventude só se se proporcionar. Quando uma equipa parte com um objetivo e começa a dispersar-se em diversas frentes, depois pode correr mal. Partimos para discutir a Volta. Discutir porque vencedor há só um", concluiu.
Equipa: Rui Sousa (Por), Alberto Galego (Esp), Célio Sousa (Por), Frederico Figueiredo (Por), César Fonte (Por), David Rodrigues (Por), Daniel Silva (Por), Nuno Bico (Por) e Vergílio Santos (Por).
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