A 74.ª Volta a Portugal em bicicleta cumpre o ritual das últimas edições, mantendo-se na parte superior do mapa português, sem direito a visitas ao Sul ou às ilhas, mas com a Serra da Estrela como epicentro das decisões.
A Volta pode estar a anos-luz do lote das grandes do ciclismo, mas nem por isso deixa de seguir o seu exemplo, reservando o seu primeiro dia ao tradicional prólogo, um curtíssimo percurso de 2,2 quilómetros nas ruas de Castelo Branco, habituadas a receber as etapas mais longas da prova, um papel que este ano foi trocado pelo de cidade inaugural.
Entregue a primeira amarela da 74.ª edição, abrem-se as hostilidades. Sem tempo para “aquecer”, o pelotão enfrenta, de entrada, a etapa mais longa e uma das mais difíceis: são 200,8 quilómetros entre as Termas de Monfortinho e Oliveira do Hospital, com cinco contagens de montanha (três de quarta, uma de terceira e uma duríssima de segunda a 30 quilómetros da meta) no cardápio que deverá impedir uma chegada compacta, em “sprint”.
Para descansar do carrossel quente e longo do segundo dia, a segunda etapa visita concelhos omnipresentes na corrida lusa (Santa Maria da Feira, Paredes, Valongo ou Santo Tirso) numa tirada, com saída de Oliveira do Bairro, que assinalará a estreia da Trofa como meta final, naquele que se espera ser o primeiro teste para os homens velozes.
A chegada ao Alto Minho, na terceira etapa, coincide com uma das duas estreias absolutas nesta Volta: Vila Nova de Cerveira esperou 85 anos e 74 edições para se iniciar na prova, mas teve logo como parceira no polo oposto a cidade de Fafe, que em 2011 acolheu o prólogo e, este ano, tem a sua longa linha de meta reservada para os “sprinters”.
E, como não podia deixar de ser, o descanso acaba aí, porque a quarta etapa coincide com o primeiro domingo e o primeiro domingo é dia de romaria à Senhora da Graça para o público, dia decisivo para os candidatos à geral, que depois de saírem de Viana do Castelo terão pela frente 151,9 quilómetros até à contagem de primeira categoria, no topo do Monte Farinha.
À quinta etapa, Armamar, a outra cidade debutante na Volta a Portugal, inicia um dia aparentemente tranquilo, com final em Oliveira de Azeméis que, a não ser pelo cansaço já acumulado, deve voltar a servir para os ciclistas mais rápidos se mostrarem.
Antes do dia de descanso, ainda há tempo para uma última jornada plana, a última antes da etapa de consagração em Lisboa, entre Aveiro e Viseu, que acolhe, pelo segundo ano consecutivo, a “pausa” da caravana.
Com praticamente dois terços da Volta deixados para trás, chegam os momentos das grandes decisões: a 23 de agosto, Gouveia assinala a partida de sétima etapa, uma “quebra-pernas” de 185,3 quilómetros, com uma escalada nas íngremes e empedradas ruas da Guarda no percurso que termina no Sabugal.
É o prenuncio da entrada na Serra, naquele que é o tudo ou nada para os principais ciclistas do pelotão, já que a etapa “rainha” tem três “montanhas” para subir - uma de primeira (Penhas da Saúde, 13 km a 7,4 por cento), uma de segunda (Penhas Douradas, 10 km a 6) e a única de categoria especial (Torre, 28,4 km a 5) até à meta.
Se dúvidas houver quanto ao vencedor final elas serão desfeitas à nona etapa, a 25 de agosto, num contrarrelógio idêntico ao da edição de 2010, que liga Pedrógão a Leiria, em 32,6 quilómetros que têm tanto de plano como de bonito.
O último dia é o da consagração dos vencedores, que passearão entre Sintra e Lisboa, antes de serem aclamados no circuito final lisboeta entre o Rossio e a Avenida da República, favorável aos “sprinters” puros.
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