O ciclista venezuelano Leangel Linarez (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua) foi de estagiário a estrela, confirmando a evolução em cinco anos na equipa, correndo por estes dias na Volta a Portugal com a camisola de campeão pan-americano vestida.

De olho nas chegadas ao sprint, o ciclista de Barinas é uma das esperanças da estrutura dirigida por Gustavo Veloso para vitórias ao sprint, com crescimento sustentado desde que chegou a Portugal.

“Estou muito feliz, tem sido um ano de grande evolução. Do ano passado para cá, demos um passo ainda maior. (...) Ser campeão pan-americano é muito importante. Foi uma corrida que preparei, estudei o percurso. Sabia a importância, para mim, de ganhar aquele campeonato”, disse o venezuelano, em entrevista à Lusa.

Esta vitória, de resto, é a primeira em duas décadas para um ciclista da Venezuela naqueles campeonatos, portanto Linarez inscreveu, ainda mais, o seu nome na história do desporto daquele país.

A responsabilidade acrescida, nota, vem com a obrigação de vestir uma camisola de campeão pan-americano, que agora exibe num ‘maillot’ personalizado da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua.

Os sucessos desta temporada seguem-se à “melhor época como profissional”, em 2023, em que somou cinco vitórias, duas delas na Volta a Portugal, prova em que foi líder.

O sprinter chegou a Portugal em 2019 para correr como estagiário da estrutura de Mortágua e, desde então, tem-se tornado uma das caras mais reconhecidas do pelotão nacional, dada a regularidade nas chegadas em pelotão compacto, em que forma uma dupla temível com o colega de equipa português João Matias.

“Temos uma grande conexão. Uma coisa que influencia muito é a sinceridade na corrida. Falamos durante a corrida, sobre como cada um está e as sensações, e na hora decidimos quem vai sprintar para disputar a vitória”, revela o venezuelano de 26 anos.

Se já em 2020 tinha ficado perto de vencer na Volta, os grandes resultados começaram a surgir a partir de 2022, confirmando a aposta da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, com vitórias na Volta ao Alentejo, além de um bronze nos Jogos Sul-Americanos.

O ano seguinte foi de ‘explosão’ e além dos dois triunfos na Volta, ergueu os braços na Volta ao Alentejo, como já fez também em 2024, e ainda venceu a clássica brasileira Grande Tour de SC.

Este ano, como sempre, quer fazer “a melhor Volta a Portugal possível”, ainda que seja “um pouco complicado superar a do ano passado”, em que o seu ‘bis’ se juntou a uma outra vitória em etapa, de João Matias, e logo todas seguidas, no arranque da corrida.

O percurso “totalmente diferente”, e que já colocou os homens da geral nos primeiros lugares, dificulta o ‘sonho amarelo’, mas há etapas para disputar ao sprint, a começar pela de hoje, com chegada a Lisboa, mais algumas na segunda semana.

“Esta etapa de Lisboa temo-la marcada, e outras também que possam ser disputadas ao sprint”, assume Linarez, sem medos.

O campeão pan-americano, de resto, ainda correrá o Grande Prémio Jornal de Notícias, mostrando a camisola, e, pela seleção da Venezuela, o Mundial de ciclismo de estrada.

Cinco anos volvidos, sente-se “em casa em Portugal”, país a que está “muito agradecido”, mas não esconde que “o sonho, ou a meta, é saltar para uma equipa maior”, no segundo ou mesmo primeiro escalão do ciclismo mundial.