A obra “Jorge Braz – Da aldeia para o mundo” é uma homenagem inédita ao percurso pessoal e profissional do selecionador português de futsal, que retrata o caráter “consensual” de um homem “abençoado” pela interioridade, revelou o autor.

Foi depois de conhecer a aldeia transmontana de Sonim, a eterna “capital do mundo” para Jorge Braz, que Miguel Henriques desenvolveu uma curiosidade particular pelo percurso do selecionador que, orgulhosamente, cresceu “de trás das pedras”.

“Além das conquistas da seleção nacional de futsal, quis perceber como é que alguém que vem de um meio pequeno, do interior, tão orgulhoso das suas raízes, chega a selecionador e, posteriormente, conquista um Campeonato do Mundo, dois Campeonatos da Europa e uma Taça Intercontinental”, revelou à agência Lusa o autor.

Foi este o mote para o desafio lançado a Jorge Braz, “há cerca de ano e meio”, e que tem como propósito maior demonstrar que a naturalidade não é uma sentença.

“O Jorge [Braz] sempre levou os valores e os princípios de uma infância passada na aldeia para a sua atividade profissional. Isto prova que, independentemente do local onde nascemos, o que vai determinar o nosso futuro é a vontade, a forma de vermos a vida e o mundo”, reiterou Miguel Henriques.

Para o autor, a interioridade foi “uma bênção” para Jorge Braz, pela forma como “encara a vida”, denominador comum em todo o seu percurso, pautado por altos e baixos, mas sempre “com uma crença férrea na forma de abordar o futsal, com uma liderança que conquista as pessoas”.

“Uma das coisas que me fez alguma confusão, no bom sentido, foi não encontrar conflitos com [o Jorge]. A dada altura apaziguei-me, porque senti que tinha a ver com o caráter dele: desarma e conquista as pessoas pela forma de ser, sem precisar de ser autoritário ou arrogante. Não há assim tanta gente que seja consensual, talvez seja a maior riqueza que transporta”, evidenciou.

A ação da obra “Jorge Braz – Da aldeia para o mundo” começa no Canadá, onde nasceu o treinador, passando pela infância vivida em Sonim, no distrito de Vila Real, pelo “sonho maior” de jogar no Desportivo de Chaves e pelo ensino superior no Porto, onde conheceu o futsal, modalidade que lhe abriu as portas da docência e, mais tarde, da seleção nacional.

Nas palavras do biografado, este é um retrato “muito pessoal” que o surpreendeu e deixou emocionado.

“Confesso que li o livro do início ao fim, com muita emoção. É muito pessoal, é muito a pessoa Jorge Braz, menos até que o treinador, mas estas coisas não se separam. Não sabia que o livro tinha tantas citações, tantas pessoas que contribuíram, que elogiaram, foi muito especial”, adiantou à Lusa Jorge Braz.

O selecionador explicou que viver no interior oferece uma importante bagagem para o futuro, garantindo que as suas raízes determinaram a sua forma “de ser, de estar e de superar as adversidades”.

“Nunca olho para Trás-os-Montes como uma desvantagem, mas como uma vantagem brutal. Hoje em dia o caráter é algo muito importante e os transmontanos ajudam-nos a perceber isso”, rematou.

A biografia “Jorge Braz – Da aldeia para o mundo”, com prefácio assinado pelo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, e pelo secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, é da autoria de Miguel Henriques, antigo jornalista do SAPO Desporto.

Depois da apresentação oficial em Lisboa, agendada para sexta-feira, na Cidade do Futebol, em Oeiras, estão previstas sessões no Porto, em Braga e em Trás-os-Montes.