O presidente do Comité Paralímpico Internacional (IPC), Andrew Parsons, considera que Portugal, pelo seu estatuto e influência, pode ter um papel fundamental na agregação, crescimento e desenvolvimento do desporto adaptado nos países da comunidade lusófona.
“Quanto mais os comités paralímpicos que têm alguma associação entre si conseguirem trabalhar juntos e maximizar os pontos que os unem, mais oportunidades terão”, disse Andrew Parsons, em declarações à agência Lusa, destacando a evolução que o desporto paralímpico tem tido em Portugal.
O dirigente brasileiro, que em setembro passado assumiu a presidência do órgão de cúpula do desporto paralímpico, considera que “Portugal, como país ‘pai’ do movimento lusófono, tem muito a aportar e todos a ganhar com isso”, e acrescenta: “Isso até pode servir de inspiração para que outros países com pontos comuns se unam.”
Parsons, que foi presidente do Comité Paralímpico do Brasil (CPB) entre 2009 e 2017, considera que Portugal tem registado uma “evolução muito grande em termos de desporto paralímpico, não só dentro de campo, mas também do lado de fora, ao nível de áreas como a estratégia, a administração e a comunicação”.
Andrew Parsons assume que a sua primeira grande meta na liderança do IPC é “levar cada comité paralímpico nacional para o seu próximo nível, para que o movimento paralímpico se fortaleça num todo e não venha a ter apenas 15 ou 20 países muito fortes e os restantes num nível muito abaixo”.
O sucessor de Philip Craven na presidência do IPC garante que os Jogos Paralímpicos não são “mini Jogos Olímpicos” e olha para o Comité Olímpico Internacional (COI) como um parceiro privilegiado.
“Não somos uma versão menor dos Jogos Olímpicos, somos outra coisa. Somos o terceiro maior evento desportivo do mundo, que, aliado ao maior evento desportivo do mundo, que são os olímpicos, formamos algo muito forte”, disse, acrescentando: “O desporto paralímpico tem as suas próprias ambições, características e valores.”
Ligado há mais de 20 anos ao desporto adaptado, Andrew Parsons, que desempenhou várias funções no CPB, acredita que a mais-valia que poderá levar ao IPC é a “perceção de servir o atleta”.
“Ao longo de 21 anos no movimento, sempre tive grande aproximação com os atletas, acho que consegui entender as necessidades e transformá-las em projetos e estratégicas. É preciso oferecer aos atletas uma estrutura da base até ao alto rendimento e no pós-carreira”, afirma.
Andrew Parsons, de 41 anos, considera que “o caminho da integração [do desporto adaptado nas federações de modalidade] é positivo e inexorável, e não tem volta”, mas alerta: “O único cuidado a ter é garantir que as oportunidades sejam iguais para qualquer grau de deficiência.”
O IPC, fundado em 1989, assinou recentemente um acordo com o COI, que vigorará até 2032, em áreas-chave como patrocínios e canal olímpico, que, segundo Andrew Parsons, “trará muitas oportunidades” e garante oportunidades para a estrutura poder crescer.
Andrew Parsons, formado em comunicação social, está em Portugal para participar no Congresso Impactos e Desafios da Inclusão Desportiva, que o Comité Paralímpico de Portugal organiza em 13 e 14 de abril, em Braga.
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