Os proprietários das franquias da NFL, a liga de futebol norte-americano, poderão abrir o seu capital para fundos de investimento, medida que muitas ligas desportivas em todo o mundo já tomaram, em linha com a explosão da indústria desportiva.

Na terça-feira (27), os donos das equipas da liga com maiores rendimentos do mundo, avaliados em quase 13 mil milhões de USD Dólares em 2023, aprovaram a possibilidade de um fundo deter até 10% do capital de uma franquia por um período mínimo de seis anos.

Um clube da NFL não pode vender mais de 10% do total das suas ações a investidores institucionais.

Este limite relativamente baixo "demonstra que a nossa abordagem é comedida", disse Joe Siclare, vice-presidente-executivo da liga, durante uma conferência de imprensa.

Até agora, a NFL se tinha negado a abrir o capital das suas equipas a investidores institucionais, e manteve o modelo histórico de pessoas físicas como acionistas.

Mas o valor das equipas de futebol norte-americano alcançou tais níveis que o número de investidores com capacidade para entrar no capital das franquias diminuiu consideravelmente.

Em julho de 2023, o Washington Commanders foi vendido por 6,05 mil milhões de USD dólares, um recorde mundial para uma associação desportiva.

Antes de 2023, nenhuma franquia ou clube tinha sido vendido por mais de 3 mil milhões de USD dólares.

O sinal verde para investidores institucionais "cria uma nova fonte de capital que permitirá que os clubes da NFL continuem a crescer. Esperemos que este programa cresça, que o valor das franquias aumente e que sejam permitidos mais fundos", declarou Clark Hunt, proprietário do Kansas City Chiefs, duas vezes campeão em título, em conferência de imprensa.

Sete dos dez clubes desportivos mais caros do mundo pertencem à NFL, segundo ranking elaborado pela revista Forbes, liderada pelo Dallas Cowboys, avaliado em 9 mil milhões de USD dólares.

"Investir agora"

O proprietário do Denver Broncos, Greg Penner, enfatizou que a notícia não mudaria a estrutura de gestão da NFL.

Os acionistas maioritários individuais de cada uma das 32 franquias continuarão a tomar em conjunto as principais decisões relativas à liga, insistiu.

A fim de diversificar os seus investimentos, mas também motivados pelo crescimento imparável da indústria do desporto, o interesse do mundo das finanças é cada vez maior neste mercado.

Na Europa, muitos fundos entraram no capital dos clubes de futebol. O Silver Lake é acionista do Manchester City e o RedBird Capital é proprietário do AC Milan.

Nas outras três grandes ligas desportivas dos Estados Unidos, a NBA (basquetebol), a NHL (hóquei no gelo) e a MLB (beisebol), já é permitida a participação de fundos de investimentos como acionistas minoritários nas suas franquias.

No caso dessas três ligas, os fundos podem adquirir até 30% do total de cada franquia, podendo ser distribuídos entre diversas empresas de capital.

Na terça-feira, a NFL fez uma lista de quatro grupos com probabilidade de adquirir ações de uma franquia.

"Há muitos fundos interessados em investir neste desporto, mas queríamos ter a certeza de que escolhemos alguns que estivessem em condições de investir neste momento", explicou Joe Siclare.

A lista inclui, entre outros, um consórcio no qual constam os gigantes fundos de investimento Blackstone, Carlyle e CVC.

"Estes fundos estão habituados a investir em muitos sectores diferentes, e como o limite está definido em 10%, não vemos potenciais conflitos de interesses como um motivo de preocupação", finalizou Joe Siclare.