O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) disse hoje à Lusa que a incerteza provocada pela queda do Governo, após o chumbo de moção de confiança, “vai enfraquecer o desporto”.

“É evidente que, no geral, tudo isso tem de ser adiado, mas há contratos-programa que têm de ser assinados. De preparação olímpica, das atividades regulares. O COP vive com dinheiros públicos e aqueles patrocínios privados que alguns apontam não são verdade. Sabemos que não há grandes patrocínios para o desporto. Tudo isto vai enfraquecer o desporto”, declarou Artur Lopes.

Questionado pela Lusa sobre o que os próximos meses, com Governo demissionário, podem trazer, o presidente do COP, até às eleições neste organismo em 19 de março, lamenta que problemas no setor que estão “por resolver” vejam as soluções “adiadas, a atropelar-se”.

“Sabemos que temos de ter muito cuidado com as situações que advêm de um governo em duodécimos. Porque há decisões que são urgentes, e mais um atraso...”, criticou.

Segundo Artur Lopes, “há verba que deveria estar disponível no COP” para trabalhar uma série de eixos trabalhados com o Governo, sem que o dirigente tenha referido especificamente o pacote de financiamento atribuído ao setor, de cerca de 50 milhões de euros quanto ao movimento olímpico.

“Um exemplo muito simples, que já devia ter resolvido, é o Centro de Alto Rendimento de Anadia, onde nasceram os campeões da pista [Iúri Leitão e Rui Oliveira, em madison, em Paris2024]. Chove lá dentro. Chove em cima da pista. Urge resolver esse problema. Agora, vai adiar-se mais”, aponta.

Segundo o representante máximo do organismo de cúpula do movimento olímpico nacional, uma série de obras e outras medidas para o desporto ficam assim adiadas, numa “bola de neve” criada por problemas políticos que acabam por “criar engulhos em toda a sociedade, nomeadamente neste setor”.

Quanto às eleições futuras para a próxima composição da Assembleia da República, o que gostaria era “que decorressem de forma tranquila e o desporto ganhasse”.

“Mas estou a ver que não”, afirmou.

A Assembleia da República chumbou hoje a moção de confiança apresentada pelo Governo, provocando a sua demissão.

Votaram contra a moção de confiança o PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.

De acordo com a Constituição, a "não aprovação de uma moção de confiança" implica a "demissão do Governo".

O executivo de Luís Montenegro fica agora em gestão, limitado aos atos estritamente necessários ou inadiáveis à continuação da sua atividade.