O secretário-geral comunista defendeu “apoio extraordinário e urgente a clubes e associações desportivas e o retorno gradual do público aos eventos, numa cerimónia de homenagem ao lendário nadador e militante do PCP Baptista Pereira.
Jerónimo de Sousa discursava em sessão pública para assinalar o centenário do nascimento do atleta, falecido em 1984, aos 63 anos, no cais de Alhandra, à beira do rio Tejo.
“A epidemia [de covid-19] veio expor ainda mais a fragilidade em que se encontram muitos atletas que, como Baptista Pereira, pouco mais têm que a sua vontade e determinação. Os clubes, federações, associativismo desportivo, desporto federado contam hoje com escassez de recursos e apoios públicos e redobrada preocupação com o confinamento e as limitações impostas”, disse.
O líder do PCP reclamou “um programa de apoio extraordinário e urgente ao movimento associativo popular que possibilite a compensação dos prejuízos financeiros e a retoma gradual e segura das suas atividades”.
“O regresso gradual do público a todos os eventos desportivos, salvaguardadas as normas de saúde”, foi outra pretensão sublinhada por Jerónimo de Sousa.
Sobre Baptista Pereira, especialista na natação em águas livre, o secretário-geral do PCP recordou que “também foi vítima do fascismo”.
“Recordar a sua assinalável e corajosa atitude, durante a deslocação a Tenerife de uma equipa portuguesa em 1946, levantando o punho cerrado frente a um painel gigante do ditador espanhol [Francisco Franco], enquanto outros faziam a saudação fascista, que lhe valeu a irradiação de toda a prática desportiva”, durante dois anos, uma vez que o regime do Estado Novo, liderado por Salazar, viria a despenalizá-lo perante muita pressão e apoio populares ao atleta.
O “Leão Marinho”, como era carinhosamente tratado, bateu o recorde da travessia do estreito de Gibraltar (05:04 horas) em 1953 e, no ano seguinte, ganhou a travessia do canal da Mancha, face a 14 concorrentes de 11 países, incluindo um duelo final disputadíssimo com o egípcio “Crocodilo do Nilo” Hammad, ao cabo de 12:25,01 horas.
Baptista Pereira foi uma das milhares de crianças vítimas do que agora se considera ser trabalho infantil, designadamente numa fábrica de telhas da chamada “Cintura da Ferrugem” (zona industrial) dos arrabaldes norte de Lisboa.
A sua vida inspirou mesmo a personagem “Gineto” do romance neorrealista “Esteiros” da autoria do também comunista Soeiro Pereira Gomes.
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