A Federação Portuguesa de Surf (FPS) assegurou que “vai motivar ao máximo” os praticantes a regressarem ao mar com regras, esperando compreensão do Governo quando for levantado o estado de emergência, face à pandemia de COVID-19.
No dia em que organismo endereçou uma carta ao governo português, ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e à Assembleia da República, juntamente com a Associação Nacional de Surfistas (ANS) e a Liga Mundial de Surf (WSL), a apresentar um conjunto de recomendações para autorizar o regresso ao mar, o presidente da FPS, João Aranha, falou da situação atual da modalidade em solo nacional, em declarações à agência Lusa.
O impacto económico que o novo coronavírus provocou no surf em Portugal e o esclarecimento de que a ideia passa por ter acesso ao mar e não a praia, foram dois pontos abordados pelo responsável da entidade.
“Queremos [voltar] quando o período de emergência for levantado, supostamente no dia 2 de maio. Temos de dar algum tempo. Achamos que vamos ter uma resposta positiva do governo, até porque o próprio executivo já está a inclinado a fazer uma abertura gradual do mar”, começou por dizer à Lusa.
Sobre a carta dirigida ao Governo português, a quem pede “ouvidos e entendimento”, o presidente da FPS indica que esta “apela muito ao civismo e à união da comunidade”, revelando ainda que “vai motivar ao máximo os praticantes a voltarem ao mar com regras”.
João Aranha justifica o regresso apontando “razões de saúde e bem-estar” e fala de uma “visão diferente”, relativamente às diferenças de regressar ao mar e à praia.
“A praia para nós é uma passadeira e não é onde nós paramos e nos juntamos. Nós temos uma visão diferente. O nosso meio é o mar, são as ondas e queremos voltar ao mar. Compreendemos que o governo teve algum receio, face aos ajuntamentos nas praias, como é normal”, explicou.
Mesmo com praias fechadas, ou com lotação máxima de pessoas, a ideia é que “haja acesso ao mar para os surfistas”, que estão “a ficar um bocadinho secos, com muita vontade de voltar e desesperados”, segundo revelou o dirigente à Lusa.
Contudo, a grande preocupação para a Federação passa pelo impacto económico “brutal”, como a redução de patrocínios, de eventos e o encerramento das escolas de surf.
“O que me preocupa mais e o que é crítico é a área do ensino de surf e das escolas. Essas sim, estão numa situação extremamente complicada. Tem de haver algum tipo de situação que os ajude a regressar gradualmente. Deviam ser autorizados a regressar, com regras e aulas com menos alunos”, lamentou.
Por fim, João Aranha mostrou-se esperançoso na realização de algumas provas ainda no ano de 2020 “já muito condicionado e reduzido”.
Tal como o responsável pela federação, também o presidente da ANS referiu à Lusa que acredita na compreensão do Governo para que a modalidade regresse a partir do dia 3 de maio.
“Temos a noção que há um bom acolhimento do lado dos municípios e esperamos que também do lado do Governo, para repor [a modalidade no mar] com toda a naturalidade e justiça”, referiu Francisco Rodrigues.
Ainda assim, o dirigente lembra que é um processo demorado e que a prioridade passa por estabelecer o surf individual.
“Estabelecer primeiro aquilo que é o surf individual para, depois, acreditar que isto vai correr com toda a normalidade e, poder sim, começar a especificar as medidas para retomar os eventos. Temos de perceber quando as reais condições para os eventos acontecem”, declarou.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 181 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 593.500 doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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