
“Posso tomar uma água da pedras e um bitoque, se faz favor”. Marco Mignot, consegue arranhar umas palavras em português e deixou expresso o desejo alimentício após eliminar Griffin Colapinto, campeão em título do MEO Rip Curl Pro Portugal, etapa portuguesa do Championship Tour (CT), circuito de elite da Liga Mundial de Surf, a decorrer em Supertubos, Peniche.
“Griffin é uma grande inspiração. Estamos na mesma equipa (Quicksilver), ajudou-me muito, mas com todo o respeito para com o Griffin, os nossos heróis tornam-se rivais. E temos de derrotá-los”, disse aos jornalistas o surfista francês, 24 anos, já depois de ter despedido a licra de competição.
Em jeito descontraído, de banho quente tomado e vestido “à civil”, Mignot, estreante no circuito mundial e rookie em Supertubos, Peniche, deixou para trás, na ronda de eliminação, João Chianca, campeão da etapa portuguesa em 2023. De seguida, venceu o duelo da ronda 32 contra Griffin Colapinto, norte-americano e número 3 mundial da temporada passada.
A superação perante dois ex-campeões de Supertubos pode antecipar um bom campeonato em Peniche para Marco Mignot, estreante nestas andanças entre a elite mundial.
“Senti-me muito bem em derrotar o Griffin, em Portugal. Porque, foi campeão duas vezes aqui (Supertubos). E, porque este é o público europeu. Este é o meu público”, exclamou.
“O objetivo final é ser campeão do mundo”
“Às vezes, pedimos força, crescimento e recebemos desafios. E ficamos melhores, mais fortes. E este é o caminho do guerreiro”, sublinhou. “Para mim, estou aqui para melhorar, para ficar mais forte”, asseverou.
“Sinto-me muito bem. Estamos todos concentrados a fazer cada qual o seu papel, estou concentrado naquilo que tenho de fazer e a ambição é ganhar”, disse, sem hesitar.

Os objetivos para este ano estão bem definidos na mente. E de Marco Mignot partilhou-os na conversa com os jornalistas.
“Ganhar uma etapa, seria algo fantástico. Mas, como disse antes, o meu objetivo final é ser campeão do mundo. É um grande sonho, mas é um processo”, garantiu.
“Para mim, é (sempre) para melhorar, é pisar as pedras até chegar ao topo”, comparou. “Se tiver que passar por alguns desafios para melhorar, faço-o”, atirou.
Prossegue o raciocínio. “Estou no CT e se jogamos um jogo, é para tornarmo-nos o melhor do mundo. Se jogar um jogo, é para ganhar. Então, jogo para ganhar”, disparou, pleno de confiança.
O talento europeu
Os surfistas franceses têm dominado o Challenger Series, circuito secundário da WSL nos anos mais recentes Marco Mignot, o antigo campeão europeu WSL em 2022-2023,
começou por falar da inspiração que contagia os seus conterrâneos. “Jeremy Flores (está em Supertubos), Mickey Picon, mostraram-nos o caminho, abriram as portas”, destacou.
“Somos uma comunidade realmente sólida. A Europa tem um talento incrível, temos ondas incríveis, temos tudo para tornarmo-nos parte dos melhores”, perspetiva. “Só temos de mudar a mentalidade um pouco, ter a tal confiança, porque temos tudo para ser os melhores”, antecipa.
Portugal é como estar em casa
Apesar de ser a primeira vez em Superturbos, a ligação a Portugal remonta a nível competitivo e pessoal bem mais para trás. O país não é um sítio estranho.
Do lado da competição, venceu na Caparica (onde começou a competir em 2017), etapa do Qualifying Series na temporada 2022-2023, circuito regional de qualificação, eventos que passaram igualmente pelos Açores e Ericeira. Competiu ainda no EDP Ericeira desde 2022, parte integrante do calendário do Challenger Series.
“Amo Portugal. Não sei se muita gente sabe, mas...talvez em 2003, 2004 ou 2005, morei em Portugal, no Estoril”, revelou o surfista de nacionalidade francesa nascido em Sayulita, México, a 23 de dezembro de 2000.
Explicou como veio parar a território português. “Os meus pais vieram morar para aqui, tinha um tio que morava cá também. Fui para a escola, no começo e foi assim que comecei a falar português”, confessou.
“O meu pai (a acompanhar o filho em Supertubos) trabalhava numa empresa de construção com o meu tio e mudámo-nos, depois, para o México”, acrescentou o atleta que usa duas bandeiras, francesa e mexicana, nos braços da licra número 73.

As memórias de tenra infância são reforçadas com a vivência do presente. “(Portugal) Faz sentir-me em casa. Tenho muito bons amigos na Ericeira, muitas pessoas me respeitam e há uma boa comunidade (na Ericeira). Adoro a comida, as ondas e as pessoas. É um lugar ótimo”, destacou Mignot.
A ligação a Portugal poderá culminar na compra de casa, para “surfar” não pata a reforma. “Definitivamente, mais cedo ou mais tarde, vou comprar uma casa na Ericeira”, prevê.
Para tal, terá de “assinar mais uns contratos, esperemos, e continuar a vencer eventos”, sorriu cuja onda favorita é “Coxos (Ericeira). E também “Supertubos” onde espera chegar até ao último dia de prova.
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