Milhares de adeptos dos desportos motorizados encheram as laterais da Avenida da Índia em Belém, para a primeira edição do Red Bull Show Run Lisboa. O muito calor que se fez sentir este domingo não foi impedimento para os quase 100 mil fãs da Fórmula que estiveram entre o Museu dos Coches e o Centro Cultural de Belém, muitos deles a ver um monolugar da Fórmula 1 pela primeira vez ao vivo.

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Quem não era VIP e quis ficar na primeira fila da única bancada montada à frente do Centro Cultural de Belém, cedo teve de se fazer à estrada para garantir os primeiros lugares. Por volta das 11h, com os termómetros já perto dos 30 graus, já havia pessoas nas bancadas, a aguardar pelo evento. Conseguir um lugar com boa vista era prioritário.

Antes de colocar o monolugar na pequena pista de um quilómetro improvisado na Avenida da Índia, os milhares de fãs da Fórmula 1 tiveram um pequeno cheirinho do que aí vinha: ouvir o motor Renault do V8 montado no monolugar que Sebastian Vettel guiou quando venceu o Mundial de pilotos em 2011.

No lado de dentro do paddock, os mais afortunados tiveram a oportunidade de ver de perto o RB7, mas também a moto da KTM que o lituano Areas Gibieza ia usar nas acrobacias, e ainda o BMW M4, um carro modificado com mais de mil cavalos de potência guiado pelos irmãos germânicos Elias e Johannes Hountondji, os Red Bull Driftbrothers e ainda pelo irlandês Conor Shanahan.

David Coulthard assumiu-se como a grande estrela e distribuiu sorrisos, autógrafos e selfies para dezenas de adeptos da Fórmula 1. A simpatia do escocês cativou toda a gente.

“Portugal tem sido uma grande parte da história da Fórmula 1. Portimão esteve lá na pandemia, quando precisávamos de um local para correr, e o circuito fez um fantástico trabalho. É bom reconhecer o contributo de Portugal no desporto motorizado. Num dia bonito como este, conduzir este carro nestas ruas é um privilégio”, salientou Coulthard.

O veterano piloto escocês explicou que as condições climatéricas que condicionaram ligeiramente a velocidade máxima do carro. “A conduzir num Grande Prémio, como fiz ocasionalmente com estes tempos quentes, claro que estás a transpirar muito e a ficar desidratado, mas estás preparado para isso e treinas para isso. É difícil, faz parte e é o que faz a Fórmula 1 tão desafiante”, frisou.

O calor era, efetivamente, o único obstáculo para quem aguardava ansiosamente pelo início do evento. Muitos das quase 100 mil pessoas que marcaram presença (números da Proteção Civil) iam aguentando as altas temperaturas como podiam. Ao fundo, o Padrão dos Descobrimentos e os veleiros a passear no Tejo eram atrações suficientes, no intervalo das atuações.

Mas nem todos gostaram do que viram. Quem estava na bancada montada para o evento queixou-se do facto de não poder sair para ir comprar água, sob pena de perder o lugar que tanto trabalho e esforço deu a arranjar. Outros, que chegaram mais tarde, queixavam-se da falta de visibilidade. Com quase 100 mil pessoas em tão pouco espaço, era natural que um ou outro não tivesse a vista desejada.

Munidos com telemóveis de última geração, os fãs do desporto motorizado iam registando os momentos que depois eram partilhados nas redes sociais. Difícil era apanhar o Red Bull RB7, quando David Coulthard puxava por ele. Apesar da pista improvisada de um quilómetro, deu para ter uma ideia das velocidades de um carro de Fórmula 1.

Foram três as passagens dos pilotos pela Avenida da Índia, num evento que também contou com um momento musical, de Kappa Jotta.

O lituano Aras Gibieza foi o primeiro a fazer-se à pista, com a suas acrobacias numa KTM 790 Duke customizada. Arrancou palmas do público, até quando caiu, na sua primeira atuação.

Depois foi a vez dos irmãos germânicos Elias e Johannes Hountondji. Os Red Bull Driftbrothers queimaram pneu e arrancaram aplausos do público pelas suas manobras de drift no asfalto da Avenida da Índia. Com mais mais de mil cavalos de potência (mais precisamente 1050) debitados pelo motor BMW S58 do BMW M4 modificado, este carro foi desenhado fazer as delícias dos amantes do drift. Além dos irmãos Hountondji, também o irlandês Conor Shanahan participou no espetáculo.

Mas o momento mais aguardado da tarde foi, sem dúvida, David Coulthard ao volante do RB7. Quem nunca viu uma prova de Fórmula 1 ao vivo, teve a oportunidade de ver e ouvir de perto o carro que venceu o Mundial em 2011, ainda na altura dos motores V8, de 750 cavalos de potência (versão de 2013) e 18.000 RPM (rotações por minuto).

O barulho do motor nas trocas de caixa, a velocidade e as travagens chamavam a atenção. Coulthard aproveitou para fazer piões e 'donuts' e terminou a passear na Avenida da Índia com a bandeira de Portugal. Um verdadeiro 'gentlemen'.
Acenou para a plateia, distribuiu sorrisos e terminou o Red Bull Show Run Lisboa sob forte aplauso.

Fica a promessa de, no futuro, a capital portuguesa voltar a receber o evento.