De acordo com um comunicado do MIC, a que a agência Lusa teve hoje acesso, foi colocado em liberdade provisória o ativista Alexandre Dunge, "para se submeter a tratamentos, pois ele enfrenta graves infeções renais e anais".

Segundo a nota, o ativista está internado num posto médico tradicional e recebe apoio da família e do MIC, que acusa as autoridades de alegadamente não prestarem qualquer assistência ao doente.

"Houve negligência médica durante a prisão e conta ainda que o Estabelecimento Penitenciário da Cadeia Civil se recusava a dar-lhe assistência médica. Importa realçar que o Dunge contraiu infeções [...], deixando-o bastante debilitado, porque as condições da cadeia são inóspitas", lê-se no comunicado.

Para o MIC, "as autoridades angolanas soltaram Alexandre Dunge por questões patológicas, estratégias para se livrar das possíveis consequências".

O movimento recorda que ativista político tinha sido capturado na sua casa no dia 6 de outubro de 2021 "sem quaisquer formalidades e justificações", acrescentando que "não lhe foi exibido nenhum mandado de captura e nem lhe foram apresentadas as razões da privação da sua liberdade", que resulta "de graves irregularidades, o que a torna ilegal".

O MIC alega também que, "por não aceitar ser submetido a interrogatório sem advogado da sua escolha, Alexandre Dunge não foi submetido a interrogatório preliminar nem foi formal e oficiosamente constituído arguido".

A organização política refere que vai continuar a sua "luta persistente para a libertação incondicional" do outro preso político, António Victor Tuma.

Os dois ativistas foram detidos em outubro do ano passado, tendo António Victor Tuma, secretário adjunto para a informação do MIC, sido acusado dos crimes de associação criminosa, organização terrorista, rebelião, perturbação do funcionamento dos órgãos de soberania e desobediência.

Na altura, em declarações à agência Lusa, o secretário para a Informação e Comunicação do MIC, Sebastião Macaia, disse que nos três meses anteriores, juntamente com o seu adjunto, vinham realizando campanhas políticas, através das redes sociais, apelando aos naturais daquela província petrolífera de Angola para não participarem das eleições gerais previstas para agosto deste ano, defendendo um referendo para a resolução da situação de Cabinda.

"Um dos líderes sou eu e o António Tuma é meu adjunto. Foram à minha procura, não me encontraram, então foram atrás do meu adjunto. A campanha começou há três meses, através do Facebook, mas é a primeira vez que acontecem detenções, nunca recebemos nenhuma notificação, foi algo surpreendente", referiu Sebastião Macaia.

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