
"Lidar com todas as consequências dessas catástrofes está a tornar-se cada vez mais parte da discussão de formulação de políticas que estamos a ter com os governos", declarou Abebe Aemro Selassie, em resposta à agência Lusa sobre a avaliação do FMI relativa às consequências do ciclone Freddy para a economia do país.
No caso de Moçambique, adiantou, uma equipa do FMI vai deslocar-se ao país "dentro de algumas semanas para uma análise, no contexto de uma revisão do programa, onde serão discutidos os efeitos que este ciclone teve".
Moçambique teve dois impactos do ciclone Freddy, primeiro em 24 de fevereiro e de novo em meados de março, que provocou pelo menos 165 mortos e afetou mais de 200 mil famílias, segundo um último balanço oficial, ou seja mais de 880 mil pessoas.
Na contabilidade dos prejuízos, só a empresa pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) registou perdas de mais de 25 milhões de dólares (cerca de 24 milhões de euros), segundo dados preliminares avançados por fonte oficial.
O diretor do departamento africano do FMI recordou que o fundo já antes estava a garantir um financiamento excecional a Moçambique devido a catástrofes como cheias e ciclones anteriores "e continuará a apoiar o país conforme for necessário para lidar com isso", garantiu.
A resposta à mitigação dos efeitos das alterações climáticas foi uma das prioridades apontadas por Abebe Aemro Selassie para a região, frisando que são "cada vez mais, algo que está a pesar sobre os decisores políticos, sobre a região, sobre os povos".
"Resolver este problema, com o apoio da comunidade internacional, será muito, muito importante. A região não é uma fonte de emissões, como sabem, mas está a ser alvo de muitas das alterações climáticas", sublinhou.
Outra prioridade apontada foi consolidar as finanças públicas e uma gestão mais proativa da dívida em países onde os níveis são elevados, e ainda conter a inflação mantendo-se numa trajetória descendente.
Abebe Aemro Selassie falava em conferência de imprensa para apresentar o relatório sobre a África subsaariana e perspetivas económicas para a região, em que prevê que a dívida pública de Moçambique aumente para mais de 100% este ano, apesar de prever uma aceleração do crescimento económico para 5% em 2023 e 8,2% em 2024.
Depois de Cabo Verde e da Eritreia, Moçambique é o país com o rácio da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB) mais avultada de toda a região subsaariana, com quase o dobro da média da região, que está nos 55,5%.
Para o conjunto da região da África subsaariana, o FMI prevê no relatório com o título "O Grande Aperto no Financiamento", apontando um problema de escassez de financiamento, um crescimento de 3,6% este ano, desacelerando face aos 3,9% anteriores, e 4,2% em 2024.
ANP // LFS
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