Questionado pelos jornalistas acerca do manifesto, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, disse que os socialistas receberam "de bom agrado" o documento, "escrito por individualidades de reconhecido mérito nacional, altamente respeitadas, com uma grande experiência de vida, de diferentes quadrantes políticos".

"E é importante que nós tenhamos todos consciência que não existe nenhuma área da vida humana e da sociedade portuguesa que esteja acima do escrutínio, acima da crítica", defendeu.

Segundo o líder socialista, que falava aos jornalistas à chegada à feira agropecuária Ovibeja, no parque de feiras e exposições de Beja, "os políticos são avaliados, são escrutinados", tal como "qualquer trabalhador é avaliado pelo seu chefe, pelo seu diretor".

"A justiça, obviamente, é uma área também de avaliação e de escrutínio. Nenhum agente judicial está acima da avaliação e de escrutínio e, por isso, é com bom agrado que nós recebemos esse manifesto", argumentou, considerando que esta "iniciativa da sociedade civil deve suscitar debate".

O PS vai analisar o manifesto, afiançou, prometendo que o seu partido estará "nesse debate, com toda a certeza".

Questionado sobre se o manifesto sobre a justiça poderá ser interpretado como uma forma de pressão naquela área, Pedro Nuno Santos rejeitou essa ideia.

"A independência do poder judicial, mas a independência também do poder político são vitórias da democracia e ninguém deve temer que nós possamos avaliar-nos uns aos outros, falar do trabalho uns dos outros. É assim que se vive em sociedade e, por isso, esse manifesto é muito bem-vindo e qualquer ataque a quem o queira discutir é errado", insistiu.

Para o líder do PS, "todos os temas devem ser alvo de debate em democracia" e "ninguém está acima do debate e do escrutínio", incluindo quem está na justiça, "era só o que faltava".

"Não se trata de pressão. Nós não podemos é estar sistematicamente a ser chantageados com essa ideia de pressão, como se houvesse um tema sobre o qual não se pode falar porque se está a fazer pressão se se falar dele. Isso é que é inaceitável", contrapôs.

E questionado sobre se há razões que justifiquem este manifesto, Pedro Nuno Santos afirmou não ter "a menor dúvida" de que "a atuação do Ministério Público (MP) deve ser alvo de debate político e de debate público".

"Não seja isso interpretado como pressão. A independência do poder judicial deve ser salvaguardada, está prevista na Constituição, e a independência do sistema político também está salvaguardada e protegida na Constituição", frisou.

Um grupo de 50 personalidades fez um apelo ao Presidente da República, Governo e parlamento para que sejam tomadas iniciativas que, respeitando a independência dos tribunais, a autonomia do MP e as garantias de defesa judicial, sejam resolvidos os "estrangulamentos e das disfunções que desde há muito minam a sua eficácia e a sua legitimação pública".

Assinam a petição, entre outros, os ex-presidentes do parlamento Augusto Santos Silva, Ferro Rodrigues e Mota Amaral, os anteriores líderes do PSD e do CDS, Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos, os ex-ministros Leonor Beleza, David Justino, Fernando Negrão, António Vitorino, José Vieira da Silva, António Barreto, Correia de Campos, Alberto Costa, Pinto Ribeiro, Maria de Lurdes Rodrigues e o ex-presidente do Tribunal Constitucional João Caupers.

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