"A compreensão de que o cidadão deve ocupar sempre um papel central no sistema de segurança interna, deve impor no seio da PNTL [Polícia Nacional de Timor-Leste] uma filosofia e estratégia organizacional de policiamento comunitário que promove, de forma integrada, uma política de proximidade com a população junto das estruturas de base territorial", afirmou José Ramos-Horta em Díli.

"Questiono a tendência de criarmos novas agências de segurança, duplicando despesas, esbanjando os limitados recursos, subaproveitando recursos humanos, confundindo competências e semeando rivalidades", notou.

O chefe de Estado falava na cerimónia do 23º aniversário da PNTL, marcada pela tomada de posse dos novos comandante-geral, Henrique da Costa, e segundo-comandante, Pedro Belo.

 Uma cerimónia, disse, que é tanto de celebração como de "reflexão entre os protagonistas políticos e operacionais sobre o Estado da Instituição", e uma oportunidade para "registar progressos, consolidar, identificar desafios, corrigir erros e introduzir inovações".

Destacando a trajetória da PNTL nos últimos 23 anos, Ramos-Horta sublinhou o desenvolvimento operacional e institucional e o seu "contributo inestimável para a defesa da legalidade democrática nacional".

Uma trajetória, recordou, que "não foi linear" e ficou marcada por pontuais "choques graves em que se perderam vidas preciosas".

O Presidente timorense referiu-se à necessidade de continuar a aperfeiçoar o "profissionalismo, integridade e disciplina" dos agentes da PNTL, para que a instituição "atue em parceria simbiótica com os cidadãos, as comunidades, as famílias".

Ramos-Horta referiu-se à recente reestruturação da PNTL e pediu um "balanço honesto da instituição".

"Os nossos sonhos e planos devem ter em conta o fator sustentabilidade, o nosso PIB. Não façamos promessas e grandes planos quando a nossa economia não pode absorver os encargos resultantes. Devemos estudar as experiências de outros países, os casos de alto grau de profissionalismo e eficácia. Mas estudemos também os casos de fracasso", considerou.

O chefe de Estado referiu-se como exemplo ao modelo da Australian Federal Polisse, onde "estão integradas todas as especialidades policiais incluindo prevenção e luta contra criminalidade comum a crime organizado, crimes transnacionais".

"Não há duplicação, não há rivalidades", vincou.

"Felicito o reconhecimento da necessidade de estabelecer, como medida prioritária, a aposta num sistema policial profissionalizado com recursos humanos altamente qualificados, canalizando o investimento necessário à promoção da formação especializada dos atuais membros da nossa força policial", considerou.

O chefe de Estado pediu ainda mais um maior investimento na promoção da igualdade do género na PNTL, como em todas as instituições do Estado, e agradeceu o apoio aos parceiros de desenvolvimento, ao longo dos anos, no fortalecimento da PNTL.

 

ASP // SB 

Lusa/Fim