Luisão não compreende que o público aplauda ou assobia consoante a forma como a equipa se comporta. Nos tempos que correm, ir ao futebol não é barato. O público vai ao estádio na perspetiva de assistir a um bom espetáculo, de ver a sua equipa ganhar e sobretudo jogar bem. Ontem o Benfica ganhou sem jogar bem. Os espetadores sentiram-se defraudados e naturalmente demonstraram o seu descontentamento.
Jesus realçou que «os adeptos estão habituados a que o Benfica ganhe e ganhe bem, que desenvolva uma grande qualidade ofensiva e que marque muitos golos. Este jogo não permitiu isso, porque são os oitavos da Liga Europa e os adversários têm qualidade».
Todavia, na realidade, o Benfica nestes últimos jogos não tem apresentado aquele futebol atrativo e cativante que faz vibrar os seus adeptos (daí os assobios) e quem aprecia bom futebol. É urgente que o futebol encarnado recupere o seu jogo dominador, fluido, veloz e desconcertante nas coordenadas movimentações atacantes.
O que não permite desenvolver o futebol de qualidade são as contínuas alterações na equipa, as quais descaraterizam o futebol das águias. No futebol, a consistência do modelo habitual na diversidade não se mantem porque o entendimento entre diferentes jogadores, e o mecanismo na envolvência atacante, raramente é perfeito.
O reflexo dessa incongruente exibição mostra a parca produtividade da equipa: um golo. Dois cantos, o primeiro aconteceu aos 72 minutos. Seis remates, só três na direção da baliza e com uma posse de bola igual à do Bordéus? Como é possível? É preciso analisar o que se passa.
O Benfica neste momento disputa três importantes títulos e por isso deveria estar no seu melhor. Mas não está. No campeonato pode estar mais ou menos descansado porque o seu rival, o FC Porto, também apresenta uma significativa baixa de forma. Na Liga Europa perante adversários de qualidade, o que não é o caso do Bordéus, é preciso apresentar outros argumentos. Ainda assim, a Taça de Portugal é aquela que parece estar mais acessível.
Contudo, em termos de eliminatória, o resultado final é positivo. Nestes jogos a eliminar não sofrer golos em casa é meio caminho andado para passar aos quartos-de-final. Para tal, basta marcar um golo em França, e o Benfica normalmente marca em todos os campos. Aliás, o Bordéus, pelo que mostrou na Luz, é um adversário ao alcance (como todos os restantes), do melhor Benfica. Mas e do atual?
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