A oitava jornada colocou em confronto o primeiro com o segundo e o terceiro perante o quarto. Esperava-se que esta elite do nosso futebol nos deliciasse com dois bons espectáculos. Contudo, nestas três horas, na maior parte do tempo, a qualidade esteve ausente. Destaque para a preparação e conclusão dos golos do Benfica na Luz e dos dois últimos obtidos no Dragão. E a frenética segunda parte no jogo do norte.
O Benfica procura uma equipa-base para recuperar a sua anterior filosofia. O embaraço está na escolha, e nas lesões que vão assolando o grupo. Jesus experimentou várias equipas, começou por apostar nas novas aquisições. Não resultou e voltou a apresentar a equipa do ano passado, e parece que é para continuar.
Ontem realizou uma exibição muito aquém das do passado, mas comparativamente às pobres e tristes que vinha fazendo, melhorou 20%. Muito pouco para o desejado. Alguns jogadores, vá-se lá saber porquê, não estão em forma. Por isso Jesus vai tentando. Lima fica no banco. Rodrigo não rende. Ola John não cumprimenta bem a bola. As aquisições estão com baixa. Agora, só agora, surgiu um Cavaleiro andante, que veio para ficar.
Este Benfica não é o mesmo. Quando Jesus diz: «Ainda bem que marcamos primeiro. Depois do segundo golo gerimos o jogo»; quando o Benfica contra o Nacional precisa de gerir o resultado, em vez de o aumentar, demonstra alguma insegurança. O Benfica marcou primeiro, mas o Nacional marcou algum golo? Também o Nacional fez muito pouco para querer chegar ao terceiro lugar.
No Dragão assistiu-se a uma incaracterística e inadmissível primeira parte. Aos dois primeiros exige-se mais. Este período foi mal jogado porque os meios campos não funcionaram. Os jogadores do meio campo têm uma dupla missão. A de elaborar, realizar e finalizar o futebol atacante e a de se estruturar defensivamente.
Só que a organização do 4X3X3 que grassa nas nossas equipas é anárquica. A preocupação é mais defensiva do que atacante. Fala-se em triângulos invertidos, em um ou dois trincos, em pivôs, em recuperadores, em pressão e por aí, fora. Mas como se defende à zona e se deixa jogar, o futebol até deveria ser fluído. Mas não. O que acontece são os inúmeros passes errados por falta de solicitações. A obrigação condicionada que se exige a alguns jogadores coarcta a liberdade e a criatividade aos mesmos.
Como as equipas atuam com dois extremos bem abertos e um só ariete. Para o jogo ser eficaz, precisa que os laterais e os centro-campistas formem com os alas trios de grande envolvência atacante, para servirem o ponta de lança, ou os médios do outro corredor. O ala e o central devem surgir em zona de finalização. Quando os médios evoluem pelo corredor central devem ser finalizadores. Mas isto não sucede com frequência. Excepção ao golo de Lucho.
A segunda-parte foi óptima, os jogadores soltaram-se, libertaram-se das limitações e o jogo foi outro. E a incerteza do resultado final aumentava. Os jogadores transfigurados para melhor começaram a procurar o golo e o futebol ficou mais ligado, mais fluido, com ataques alternados de ambas as equipas.
O Sporting empatou, e a emoção dentro e fora do campo aumentou. Danilo descansou temporariamente os adeptos com o excelente golo. Os leões tiveram duas ocasiões para voltarem a empatar. Todavia Lucho, terminou com as dúvidas. Precisamos de mais 45 minutos como estes para continuarmos a gostar de futebol!
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