Após a demissão dos corpos diretivos dos leões, abriu a corrida às candidaturas. Face ao exagerado passivo do Sporting dizia-se que “ninguém” estava disposto a avançar. Puro engano. Neste momento duas delas são já oficias, e pelo que se lê, outras se perfilam, por isso em termos de pretendentes o número não vai ficar por aqui.
O próximo presidente será eleito não pelo nome ou pelo rosto ou por quem o pressionou. O escolhido será aquele que apresentar o melhor projeto para a viabilidade do clube. Esse programa estará condicionado à atual realidade financeira e futebolística.
O Sporting tem um problema similar ao do país. Ambos há mais de uma década têm sido mal governados. O país desde o tempo das desaproveitadas vacas gordas e o Sporting desde a dinastia de Roquete. Ambos estão dependentes dos bancos e por isso vivem à base de empréstimos. A dívida pública é elevadíssima e a dos leões é desmesurada.
Hoje, o futebol e os clubes são empresas de negócios nas quais emergem interesses de vária ordem: imagem, vaidade, valorização pessoal, aproveitamento para reativar os negócios pessoais. E até para “negócios” com empresários? O presidente deveria ser um sócio idóneo, desinteressado, altruísta, que presasse os valores, e a história do Sporting e que, simultaneamente, defendesse com inteligência, realismo e convicção os interesses do clube.
O primeiro passo do próximo presidente é criar um grupo de dirigentes que seja coeso e responsável. O presidente é para liderar o conselho diretivo, o conselho fiscal é para fiscalizar e travar despesas incompatíveis às receitas. A mesa da assembleia geral como representante dos sócios, e como guardiã dos interesses do clube, tem de estar permanentemente ao corrente da vida do clube e se as coisas não funcionarem deve agir de imediato.
Infelizmente, esta recente troika não funcionou. O conselho diretivo esbanjou milhões, falhou na coesão, na escolha de jogadores e de treinadores, desperdiçou e esbanjou milhões. Uma autêntica catástrofe financeira e futebolística, é a pior época da história do clube. O concelho fiscal perante os exorbitantes gastos assobiou para o lado. E a mesa da assembleia geral acordou fora de tempo e a más horas.
A herança é pesada, mas no contexto atual o próximo presidente tem muitas coisas a seu favor. A primeira será a de não fazer promessas megalómanas, tais como: o Sporting vai ganhar todos os títulos. Que vai contratar os melhores jogadores do mundo. Que tem em carteira o melhor treinador. Estas promessas ilusórias podem cativar alguns adeptos, mas só uma minoria, porque os adeptos leoninos são inteligentes e já não acreditam em ficções.
O que o novel presidente deve fazer é apresentar alternativas credíveis e viáveis para ultrapassar a crise leonina. Para superar a crise os leões têm duas “minas” a explorar. A fundamental é a aproximação aos sócios e aos adeptos, os quais são o corpo, a alma e a vitalidade do clube. Deve falar-lhe ao coração de leão e fazê-los cair na real. «Vós que sofreis pelo clube, mereciam mais alegrias. Mas se o Sporting não vence um campeonato há onze anos, vamos esperar mais uns tempos, pela restruturação. Vamos preparar o futuro para que nos próximos três anos possamos discutir os títulos».
A outra riqueza é a Academia. «Vamos apostar na qualidade dos jovens formandos, e num treinador da casa que apresente argumentos inéditos, e que aposte na formação. E até podemos discutir a entrada na Liga dos Campeões. Vamo-nos impor e ultrapassar a cultura de outras equipas pioneiras, as quais ao aproveitarem a juventude, venceram Ligas dos Campeões. Seremos outros Ajax, outros Barcelona, o qual continua a ser o melhor clube do mundo. Outros Bayern que continua a ser o melhor clube de formação logo seguido do Borussia de Dortmund».
Comentários